Noite feliz – A história da canção (Gruber/Mohr 1818)

 

Vésperas de Natal. Neste blog eu costumo contar histórias por trás de canções, de artistas, compartilhar sensações e experiências musicais. Mas na semana de Natal, não poderia deixar de homenagear aqui esta data, com a história da composição “Noite Feliz”, que se deve à quebra do órgão da Igreja de São Nicolau, em Oberndorf. O texto que reproduzo aqui está no endereço abaixo:
http://www.santoafonsorj.org.br/natal2007/index.php?secao=natalcancao

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Igreja de São Nicolau,

Em 24 de dezembro, milhares de turistas vão a Oberndorf, perto de Salzburgo (região central da Áustria), onde há quase dois séculos, foi composta “Noite Feliz”, que talvez seja a canção natalina mais conhecida do mundo.

“Stille Nacht, Heilige Nacht” em alemão, “Noite Feliz” em português, “Silent Night” em inglês, “Douce nuit” em francês: hoje traduzida para 330 idiomas, a canção de Natal austríaca foi criada por acaso, quando quebrou o órgão da igreja do povoado de seis mil habitantes.

Em 1818, dois dias antes do Natal, o antigo órgão da igreja de São Nicolau, a paróquia do padre Joseph Mohr, parou de tocar. Para não decepcionar os fiéis, o sacerdote pediu ao amigo Franz Xaver Gruber, maestro e organista do vizinho povoado de Arnsdorf para compor uma melodia para um texto de Natal que ele havia escrito dois anos antes.

Na Missa do Galo de 24 de dezembro, o padre Joseph Mohr, com sua bela voz de tenor e que tocava violão, e Gruber, com sua bela voz de baixo, interpretaram pela primeira vez, em alemão, a canção “Noite Feliz”.

Abaixo, as fotos de Franz Grüber (1787-1863) e Joseph Mohr (1792-1848)

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O fato era totalmente incomum na época, quando os textos religiosos ainda eram escritos em latim. Mas Mohr achava que uma letra simples e fácil de entender era o mais adequado para seus fiéis, na grande maioria barqueiros e camponeses.
Em 1831, um coral que se dedicava a cantar cantos populares tiroleses incorporou a canção natalina do padre Mohr a seu repertório durante uma viagem pela Rússia. Dali, a canção viajou para Nova York, onde foi interpretada por um coral tirolês em 1839, mas onde seus autores e sua origem permaneceram desconhecidos. (Durante muito tempo “noite Feliz” era conhecida como a canção tirolesa).

Trinta e seis anos depois, a corte prussiana, que procurava a partitura original da canção, consultou o pároco de São Pedro de Salzburgo que, para surpresa geral, disse que Mohr e Gruber, mortos no anonimato em 1848 e 1863, respectivamente, eram os autores daquela canção que tinha sido atribuída ao compositor austríaco Michael Haydn.

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Hoje, Oberndorf vela para que os dois homens não sejam esquecidos. Em 1937 foi construída uma capela no mesmo local onde, no século anterior, ficava a paróquia de São Nicolau, que foi destruída em 1913 por uma inundação. A ela foi dado o nome de “Noite Feliz” e em seus vitrais aparecem os retratos de Mohr e Gruber.

 

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vitral na Igreja de São Nicolau, em Oberndorf

A capela é hoje uma atração turística que recebe 150 mil visitantes por ano. O prefeito da cidade, Andreas Kinzl, estima que os turistas vêm visitá-la “porque ‘Noite Feliz’ é efetivamente uma mensagem de paz”, que os faz sentir melhores. As canções natalinas são executadas na cidade durante todo o mês de dezembro, onde no museu “Noite Feliz”, localizado em frente à capela podem ser vistas a partitura e a letra originais da canção e documentos que explicam a sua história.

Feliz Natal a todos!!!!!

Canto das três raças – Paulo Cesar Pinheiro

Paulo Cesar Pinheiro

Vez ou outra, passeando pelos diversos caminhos musicais, acabo me encontrando com as canções de Paulo César Pinheiro, e ele tem uma dimensão maior do que aparenta ser para a grande imprensa. Ele tem diversas canções que parecem pérolas, e já passaram de 1000 composições gravadas… para se ter apenas uma ideia, ele é parceiro de de Pixinguinha João Nogueira, Baden Powell, Joyce, Tom Jobim, D. Ivone Lara, Lenine, apenas para citar alguns.

 E para fazer justiça foi lançado o livro, pela Editora LeYa, “Histórias das minhas canções”, em que conta a história de 65 canções…. escolhi aqui, como um símbolo, trazer a história da bela canção canto das três raças, gravado por Clara Nunes: 

 

CANTO DAS TRÊS RAÇAS

 

Conversávamos, certa vez, eu e Mauro, sobre samba-enredo. Sua estrutura melódica, sua cadência, seu desenvolvimento de acordo com o tema proposto, seu tamanho, seus cantos de refrão. Ele era, particularmente, fã de Silas de Oliveira, a quem considerava o maior compositor desse gênero, de todos os tempos. Foi seu amigo. Acompanhava sua trajetória. Papo vai, papo vem, resolvemos compor algum que guardasse essas características tradicionais. Ali mesmo iniciamos nosso esboço musical.

Com o rascunho sonoro adiantado fui para casa devanear, buscar o motivo, procurar uma história conveniente ao que se tinha imaginado. Lembrei da formação racial do Brasil especialmente da minha genética índia e européia por parte de mãe, e negra do meu lado paterno. As três raças fundamentais desse país mestiço. Veio-me à mente o soneto “Canto Brasileiro”, que deu nome ao meu primeiro livro publicado. Era isso. O canto triste nascido dessa miscigenação. O aperto de saudade do branco colonizador, o banzo africano e a dolência nativa, “Um soluçar de dor” foi a expressão que me brotou imediatamente, e dessa frase parti pro poema. Fui ajeitando a melodia aqui e ali em função da letra.

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Depois de terminado dei por falta do que julgava ser o principal, o miolo, a célula: o canto de lamento. Na verdade, era o mais difícil, era a marca, o carimbo, a identificação do samba. Fiz vários antes do definitivo. Cada vez que ia cantar, saía de um jeito. Quando Clara entrou em estúdio pra gravar, sentei com o Maestro Gaya, que faria o arranjo, pra passar a melodia corretamente. Belíssima a harmonização criada por ele, mas na hora do estribilho surgia á dúvida. Era sempre um lamento diferente o que eu entoava.

– Define o canto, Paulinho – dizia Gaya.

De repente, influenciado por acordes que ele sequenciava ao piano, a melodia veio por inteiro. O Gaya gostou, fixou na minha cabeça com um solo e fechou a tampa.

Resultado de imagem para paulo cesar pinheiroPaulo Cesar Pinheiro e Clara Nunes

Propus ao Carlinhos Maracanã esse tema pra Portela. Só que escola de samba é outro papo. É problema. É guerra. Não se chega sugerindo um samba e pronto. Tem todo um processo complicado que envolve ego, grana, disputa, prestígio interno. Na minha ingenuidade imaginei que magnífico desfile poderia ser pra azul e branco. Sonho, apenas. Desisti logo. Até hoje, porém, ainda visualizo esse cortejo na Passarela do Samba.  

Ninguém ouviu
Um soluçar de dor
No canto do Brasil

Um lamento triste
Sempre ecoou
Desde que o índio guerreiro
Foi pro cativeiro
E de lá cantou

Negro entoou
Um canto de revolta pelos ares
No Quilombo dos Palmares
Onde se refugiou

Fora a luta dos Inconfidentes
Pela quebra das correntes
Nada adiantou

E de guerra em paz
De paz em guerra
Todo o povo dessa terra
Quando pode cantar
Canta de dor

ô, ô, ô, ô, ô, ô
ô, ô, ô, ô, ô, ô

ô, ô, ô, ô, ô, ô
ô, ô, ô, ô, ô, ô

E ecoa noite e dia
É ensurdecedor
Ai, mas que agonia
O canto do trabalhador

Esse canto que devia
Ser um canto de alegria
Soa apenas
Como um soluçar de dor

domingo 01 agosto 2010 11:54 , em Samba

A história da música “Aquarela”, de Toquinho

 O nome de Toquinho quase sempre é associado ao de Vinícius. Uma associação correta, mas que nem sempre faz justiça à qualidade de compositor de Toquinho. Ele compôs clássicos, mesmo sem Vinícius, e algumas de suas músicas se eternizaram no cancioneiro popular do Brasil (e não só do Brasil). Do site oficial de Toquinho, conta-se a bela história de Aquarela, sucesso no Brasil e em vários países do mundo

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Em 1982, após vários anos de apresentações na Itália, Toquinho já era um nome de destaque naquele país. O empresário Franco Fontana criara a gravadora “Maracana” objetivando diretamente a música brasileira, e resolvera gravar um disco com Toquinho, com músicas novas. Para isso escolheu o músico italiano Maurizio Fabrizio, que havia vencido o festival de San Remo e que, na visão de Franco, concentrava características semelhantes às do violonista brasileiro.

Do encontro dos dois resultou uma generosa parceria, material para quatro discos entre o período de 1983 e 1994. Essas canções receberam originalmente letras em italiano, a grande maioria, de Guido Morra, e poucas  de Sergio Bardotti. Depois algumas foram vertidas para o castelhano por I. Baldacchi e outras por C. Toro. Parte delas recebeu versões de Toquinho, que as gravou também em português. Toquinho conta como teve início essa parceria:

– Quando o Franco decidiu investir nesse disco, surgiu a grande controvérsia: a parceria. Ele arriscou no Maurizio Fabrizio. Eu não sabia quem era o Maurizio – explica Toquinho. – Não o conhecia, nunca o tinha visto. Aí, o Maurizio me telefonou do Aeroporto de Congonhas: “Eu estou com uma blusa amarela, uma calça cinza e uma mala marrom te esperando”. E eu: “Vou estar com um carro prata”. Cheguei, olhei, lembrei das dicas, ele me viu, nos acenamos, e pronto.

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Fomos para casa e ele dormiu um pouco. Quando acordou, almoçamos – isso no dia em que ele chegou – e eu tinha uma pianolinha, uma coisinha ridícula – ele toca piano – então peguei meu violão e disse: “Nós temos que fazer músicas. Vamos combinar uma coisa: o que você não gostar daquilo que eu faço, me fala. E o que eu não gostar do que você faz, eu falo. Tudo bem?”. Ele concordou e começou a mostrar uma música. Achei meio chata a primeira parte, mas quando ele entrou na segunda parte, eu gostei, lembrava a primeira parte de “Uma rosa em minha mão”, que fiz com Vinicius, em 1974, para a novela “Fogo Sobre Terra”, da Globo.

Então, toquei para ele, que, em seguida, começou com a segunda parte da música dele. Uma se encaixou na outra, naturalmente, na primeira tentativa, era a primeira música que ele me mostrava… Assim, gastamos nem três minutos para fazer a música que seria conhecida como “Acquarello”, em italiano, que é a nossa “Aquarela”.

Achei bonita, me animei, e nos outros dias fizemos umas oito melodias. Maurizio voltou para a Itália para criar os arranjos e trabalhar com o letrista, o Guido Morra, que fez as letras de todas as nossas canções. Quando cheguei na Itália, em novembro de 1982, para fazer a temporada de shows e gravar o disco, nunca me esqueço, estava num restaurante e eles apareceram com todas as letras já datilografadas. “Vamos mostrar todas as letras para você, e deixar por último, aquela pela qual todos estão encantados”.

 

Eu não confiava nessa música como música de sucesso, nem imaginava isso. Para mim, era só uma canção de meio de disco. Então, me mostraram todas as letras e, por fim, a última: “Acquarello”. É uma letra mágica: desperta a criança que carregamos dentro de nós, reforça o romantismo da amizade, aviva as delícias de se ganhar o mundo com a rapidez moderna, e, por fim, nos alerta para o enigma do futuro que guarda em seu bojo a implacável ação do tempo, fazendo tudo perder a cor, perder o viço, perder a força.

 

Gravei o disco e fizemos o lançamento em Sanremo – conta Toquinho. – Depois da primeira apresentação de “Acquarello”, começaram a pipocar comentários os mais maravilhosos, o disco saiu com 30 mil cópias, que se esgotaram no segundo dia. Essa música tem realmente um aspecto emocional muito forte, um apelo comercial, as pessoas ouvem e se envolvem. De repente, o Franco passou a me telefonar: “Olha, a música estourou por aqui, está nos primeiros lugares das paradas”. Voltei lá para fazer promoção, aí, ninguém segurou mais.

Fui o primeiro artista brasileiro a ganhar um Disco de Ouro na Itália – 100.000 cópias, como aqui. Virei artista popular fora do Brasil! Então, resolveu-se gravar a música em português. Quando conheci a letra, ainda na Itália, me empolguei em fazer a tradução. Sabia que encontraria dificuldades, pois é uma letra grande, as rimas tinham de ser precisas. Mudei muita coisa na forma de dizer, para poder conservar em nossa língua, a mesma magia atingida pelo Morra, em italiano. E começou a sair um negócio bonito, nem eu mesmo sabia o que era. Mesmo assim, achava a letra muito grande. Mas não deu outra coisa. Saiu aqui e foi outro estouro igual. Na Espanha, a mesma coisa. Na Argentina, na França, em todo lugar. Aqui no Brasil virou tema de publicidade, tarefa de escola para a criançada, e até hoje é exigida e cantada nos shows, como na época de seu lançamento. “Aquarela” foi um marco em minha carreira, como seria na de qualquer outro – continua Toquinho. – Uma coisa definitiva na vida de um compositor.

“Aquarela” é uma música que tem algo melhor, quem sabe a força da ingenuidade infantil ligada a um encanto popular que emociona. O primeiro acorde já levanta as pessoas. Consolidou-me, tanto na Itália como aqui, na América do Sul e na Europa. A partir daí as pessoas me reconheceram também como instrumentista, tornei-me popular.

Até hoje a canção, imortalizada na propaganda da Faber Castell, gera suspiros…

 

(Fonte:http://www.toquinho.com.br/epocas.php?cod_menu=11&sub=46)

julho de 2010

101 Canções que Tocaram o Brasil. O livro por Nelson Motta

Quando comecei a ler o livro de Nelson Motta, sobre as 101 canções que tocaram o Brasil, fiquei curioso, pois imaginaria como ele faria a seleção de músicas e qual seria o critério de seleção.

Ao ler o livro, saberia que estariam lá canções essenciais, como “Chega de saudade”, “Garota de Ipanema”, Aquarela do Brasil” e “Asa Branca”, bem como não poderiam deixar de estar compositores como Noel Rosa, Ary Barroso, Dorival Caymmi, Tom Jobim, Vinícius, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil.

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Quando comecei lendo as músicas mais antigas, vi que muito do que há de relevante estava lá. Desde “Abre Alas”, de Chiquinha Gonzaga, como “Pelo Telefone”, oficialmente o primeiro samba gravado. Concordei com as canções de Noel, Ary Barroso e Gilberto Gil, não concordei com as de Caymmi e Caetano Veloso.

A lista é uma lista de músicas urbanas, ao que dá pra sentir falta de algo de forró para além de “Asa Branca”, e obviamente, há poucas referências à música contemporânea.

Em alguns momento entendi que havia algumas falhas imperdoáveis, em outros achei que a escolha foi precisa, e acaba sendo um retrato, ainda que parcial, da música brasileira no Século XX.

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O posfácio de Nelson Motta explica muita coisa. “Lista de músicas é como impressão digital, não há duas iguais”, para, em seguida, para mencionar canções “injustiçadas”, que estão fora da lista, passando por sertanejo, Jovem Guarda, sambas-canções (a não inclusão de “Linda Flor (Ai Ioiô)  parece uma das omissões mais relevantes)”, sambas, marchas, bossas, canções românticas, rocks, enfim, um sem-número de músicas que poderiam estar na lista.

Pensei, com um pouco mais de tempo, em fazer minha lista e cotejar com a de Nelson. Mas talvez leve um tempo. Peca também o fato de não ter as letras da músicas. No mais, é um livro recomendado.

Meu papo é reto. Dueto entre Monique Kessous e Ney Matogrosso

Tenho acompanhado Monique Kessous desde o seu primeiro disco. Sua bela voz de soprano e suas músicas românticas no primeiro disco agradavam, embora naquela oportunidade fosse inevitável compará-la com Marisa Monte. A voz e o estilo eram muito parecidos.

Mas, do segundo disco em diante, Monique ficou mais ousada, ganhou mais personalidade e mostrou efetivamente ao que veio.

Uma dessas boas surpresas musicais se mostra no dueto que fez com Ney Matogrosso, chamada “Meu papo é reto”, gravada em 2015.

A música conta a história de um flerte gay ocorrido na porta de uma boate. É interessante a parceria escrita entre Chico César e Monique, em que um deles se vê tentado diante a abordagem em frente a uma boate. A cena reflete uma situação típica de rua. Um deles, curioso; o outro, que fica entre o desejo e o receio de se envolver.

Sobre a composição, Monique afirmou:

Acho interessante poder brincar com os personagens nas músicas. E ser intérprete traz uma liberdade muito grande. Estou num momento de querer ousar mais no meu trabalho e, mais do que tudo, quero falar sobre o meu tempo, sobre as possibilidades de relações entre pessoas e sobre o medo de amar que se reverte em envolvimentos efêmeros, sem vínculos”, afirma a artista

Ney Matogrosso e Monique Kessous

Monique, numa entrevista, contou um pouco a história da canção:

— Fiz “Meu papo é reto” sobre uma letra que Chico César me mandou. Estava ouvindo muito Ney, me deu vontade de ter uma música na voz dele — conta Monique. — Quando fiz, mandei para ele e comecei a cantar nos shows. Então, decidi pôr no disco e o chamei para cantar comigo. Ele pensou que era uma canção de um homem e uma mulher. Expliquei que não. Na gravação, ele perguntou: “Posso virar para você e cantar ‘a gente tem a ver, menino’?”. Eu disse que era isso, e ele: “Nossa, subversivo”.

Ele me deu o bote
Pelo cangote, me disse
Para o boteco da frente
Confesso que eu fiquei doente

E antes que eu quisesse amantes
Ele me disse amigos
Tá tudo certo, eu sou do tipo aberto
Supondo que aguente firme esse seu flerte

E agora, o que é que eu faço
Pra aguentar a tentação
O rosto colado
O beijo esbarrado
E a gente rodando o salão

E agora, será que eu arrisco
Me perder na sua mão
Te olho discreto, mas meu papo é reto
Acho que vou te dar um beijo
E depois eu vejo

A gente tem um lance
A gente tem um quê
A gente tem a ver, menino
A gente tem um lance
Tem um quê
Não faz assim que eu fascino

A gente tem um lance
A gente tem um quê
A gente tem a ver, menino
A gente tem um lance
Tem um quê
Me beija que o resto eu te ensino

Fontes: http://oglobo.globo.com/cultura/musica/monique-kessous-canta-flerte-gay-outras-liberdades-em-novo-disco-19156173#ixzz4P7rIAdqJ
©

http://www.heloisatolipan.com.br/musica/dentro-de-mim-cabe-o-mundo-apos-seis-anos-de-hiato-monique-kessous-lanca-seu-terceiro-disco-e-prega-o-amor-minha-mensagem-e-de-liberdade/

http://www.ofluminense.com.br/en/cultura/monique-kessous-%E2%80%98manda-o-papo%E2%80%99-com-tema-atual-em-parceria-com-ney-matogrosso

Empty Garden: Uma homenagem de Elton John para John Lennon

Eu ainda era muito jovem para compreender o significado daquele acontecimento em 8 de dezembro de 1980, data em que morreu o Beatle John Lennon, assassinado na porta de sua casa, em Nova Iorque.

Elton John era amigo de John Lennon. Eles realizaram um dueto, em 1974, com Whatever Gets You Through The Night, e além disso, Elton John é padrinho de Sean, um dos filhos de John Lennon.

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Certo dia, Elton John, ao passar pelo lugar onde John Lennon fora assassinado, percebeu que o jardim de sua casa estava vazio, sem flores, sem verde. Assim começou a nascer a música  Empty garden, parceria de Elton John e Bernie Taupin, gravada em 1981. A letra da música, com sua tradução, falam por si.

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John Lennon é comparado a um jardineiro, e que depois de sua morte, deixa um jardim vazio. Pode ser o jardim da casa de John Lennon, que após sua morte, ficou descuidado. Pode ser o Madison Square Garden, em Nova Iorque, onde John e Elton fizeram seu famoso dueto. No viedo abaixo, Elton john conta porque canta poucas vezes essa cançaõm,

 

Empty Garden (Hey, Hey Johnny)

What happened here,

As the New York sunset disappeared?

I found an empty garden among the flagstones there.

Who lived here?

He must have been a gardener that cared a lot,

Who weeded out the tears and grew a good crop.

And now it all looks strange.

It’s funny how one insect can damage so much grain.

 

And what’s it for,

This little empty garden by the brownstone door?

And in the cracks along the sidewalk nothing grows no more.

Who lived here?

He must have been a gardener that cared a lot,

Who weeded out the tears and grew a good crop.

And we are so amazed! We’re crippled and we’re dazed…

A gardener like that one, no one can replace.

 

And I’ve been knocking, but no one answers.

And I’ve been knocking, most all the day.

Oh, and I’ve been calling “Hey, hey, Johnny!”

Can’t you come out to play?

 

And through their tears,

Some say he farmed his best in younger years.

But he’d have said that roots grow stronger, if only he could hear.

Who lived there?

He must have been a gardener that cared a lot,

Who weeded out the tears and grew a good crop.

Now we pray for rain, and with every drop that falls…

We hear, we hear your name…

 

And I’ve been knocking, but no one answers.

And I’ve been knocking, most all the day.

Oh and I’ve been calling ,oh hey, hey, Johnny!

Can’t you come out to play,

In your empty garden?

Johnny?

Can’t you come out to play, in your empty garden?

 

 

Jardim Vazio (Ei, Ei, Johnny)

O que aconteceu aqui,

enquanto o pôr-do-sol de Nova Iorque desaparecia?

Eu achei um jardim vazio, entre as lajes ali.

Quem viveu aqui?

Ele deve ter sido um jardineiro que se preocupava,

Que arrancou as lágrimas e cultivou boa colheita.

E agora tudo parece estranho.

É engraçado como um inseto estraga tanto a semente.

 

E para quê, este pequeno jardim vazio

jardim vazio perto da porta de arenito?

E nas rachaduras da calçada nada mais cresce.

Quem morou aqui?

Ele deve ter sido um jardinheiro muito preocupado,

Que arrancou as lágrimas e cultivou boa colheita.

E estamos tão surpresos! Estamos paralizados e aturdidos…

Um jardineiro assim, ninguém pode substituir.

 

E eu estou batendo, mas ninguém responde.

E eu estou batendo, a maior parte do dia.

Oh, e eu estou chamando: “Ei, ei, Johnny!”

Você não pode sair para tocar?

 

E através das suas lágrimas, alguns dizem

que ele cultivou seu melhor na juventude.

Mas ele disse que as raízes crescem mais fortes, se ao menos pudesse ouvir.

Quem viveu ali?

Ele deve ter sido um jardineiro muito preocupado,

Que arrancou as lágrimas e cultivou boa colheita.

Agora rezamos para chover, e cada gota que cai…

Nós ouvimos, nós ouvimos seu nome…

 

E eu estou batendo, mas ninguém responde.

E eu estou batendo, a maior parte do dia.

Oh, e eu estou chamando, oh ei, ei Johnny!

Você não pode sair para tocar,

em seu jardim vazio?

Jhonny?

Você não pode tocar, em seu jardim vazio?

 

terça 01 junho 2010 12:55 , em Musica Internacional

Bandeira e Manuel Bandeira

“Bandeira”, de Zeca Baleiro, é uma espécie de réplica a um belo poema de Manuel Bandeira, chamado “Belo Belo”. Marina Vaz faz um belo comentário sobre as relações entre a música e a poesia, que pode ser encontrada no endereço http://espacomusicalbrasileiro.blogspot.com/2009/03/bandeira-de-zeca-baleiro.html

Bandeira

De Manuel Bandeira a Zeca Baleiro

Marina Vaz*

Ouvir a música “Bandeira”, do maranhense Zeca Baleiro, é sempre instigante. Em um primeiro momento, ela pode ser interpretada como uma bela canção que fala dos anseios e desejos humanos, como espécies de “bandeiras” levantadas pelo eu-lírico (a voz que fala na canção). Mas a citação, ao final da música, do verso “Vida noves fora zero”, de Manuel Bandeira, abre caminho para a compreensão das relações intertextuais existentes entre as duas obras. E o que poderia parecer, à primeira vista, escondido na música do compositor torna-se escancarado no próprio título da canção, que homenageia o poeta pernambucano.

“Belo belo”, de Manuel Bandeira

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Os versos citados por Baleiro são do poema “Belo belo”, em que Bandeira expõe a frustração com a vida em trechos como: “Tenho tudo que não quero/ Não tenho nada que quero”. Fecha-se um círculo de infelicidade: o eu-lírico não somente tem tudo aquilo que não quer, como também não consegue absolutamente nada do que deseja. E o que, afinal, ele não quer? “Não quero óculos nem tosse/ Nem obrigação de voto”. Reúnem-se aí dois elementos importantes para a compreensão das causas de seu descontentamento: as limitações físicas (“óculos” e “tosse”) e as limitações sociais (representada pela “obrigação de voto”). E as imagens utilizadas para ilustrar suas possíveis fontes de prazer referem-se, invariavelmente, a lugares ou situações inatingíveis: o topo das montanhas (os “píncaros”); a “fonte escondida”; a “escarpa inacessível”; “a luz da primeira estrela”.

O desejo de experimentação também é demonstrado pelo prazer voluptuoso ao ansiar, com mesma intensidade, o “moreno de Estela”, a “brancura de Elisa”, a “saliva de Bela” e as “sardas de Adalgisa”. Mas, por reconhecer que seus desejos estão distantes demais daquilo que, de fato, ele possui, ele trata de voltar à realidade: “Mas basta de lero-lero/ Vida noves-fora zero”. No fim, o que lhe sobra é o resultado de uma conta cruel: no balanço “matemático” de sua existência, o resultado é zero.

Observando a forma como o poema se estrutura, pode-se ver que grande parte dos versos faz referência ao que o eu-lírico quer. Ou seja, considerando a lógica dos primeiros versos (“Não tenho nada que quero”), os versos fazem referência ao que ele gostaria de ter mas não tem. Fica claro que seus desejos e suas necessidades são muito maiores do que aquilo de que ele dispõe na vida. Dessa forma, “Quero quero muita coisa” transmuta-se a um “não tenho muita coisa”.

“Bandeira”, de Zeca Baleiro

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Diferentemente do que acontece no poema “Belo belo”, de Manuel Bandeira, a canção “Bandeira”, de Zeca Baleiro, é tomada, em sua maior parte, por versos panfletários daquilo que o eu-lírico não quer: “Eu não quero ver você cuspindo ódio / Eu não quero ver você fumando ópio”. Assim, o que é rejeitado são as escolhas feitas pelos próprios indivíduos da sociedade justamente para “sarar a dor”.

A dor, neste caso, não se refere mais a problemas de saúde (à “tosse”). A sociedade moderna, que, com os avanços científicos, descobriu a cura de várias doenças, criou, em contrapartida, indivíduos que “cospem ódio” e “choram veneno”. Indivíduos mesquinhos que oferecem “café pequeno” (ou que são, eles mesmos, “cafés pequenos”, expressão pejorativa utilizada para designar os que não têm importância). Diante dessa desilusão, o eu-lírico passa a rejeitar tudo o que provém dessa sociedade, indiscriminadamente: “Eu não quero isso seja lá o que isso for”.

Com os versos “Não quero medir a altura do tombo / Nem passar agosto esperando setembro”, a canção demonstra o desejo de querer-se livrar da prudência excessiva e do hábito de não aproveitar o presente esperando-se o futuro. Por isso, o melhor futuro parecer ser mesmo o que está “hoje escuro”, quando ainda se encontra no plano da idealização.

Depois de o eu-lírico da música falar tudo o que ele não quer (o que, de acordo com a lógica de Manuel Bandeira, é tudo aquilo que, na verdade, ele tem), ele parte então para o que deseja: “Quero a Guanabara quero o rio Nilo / Quero tudo ter estrela flor estilo / Tua língua em meu mamilo água e sal”. Nestes versos, a canção se aproxima ainda mais do poema de Bandeira, com referência claras à “luz da primeira estrela” e à “rosa que floresceu”. Além disso, “a língua no mamilo” poderia muito bem ter deixado resquícios da “saliva de Adalgisa”, citada por Bandeira.

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Enquanto, no poema, o eu-lírico diz muito sobre o que ele quer (ou seja, sobre o que ele não tem), na canção de Baleiro, o foco é o que ele não quer (ou seja, o que ele tem). Isso porque a música, mais atual, retrata o pensamento de alguém já inserido numa sociedade moderna de consumo. Ele tem, mas não está satisfeito com aquilo que possui. Volta-se, então, para os elementos mais simples: a estrela, a flor e as paisagens naturais (ora Pernambuco, Bagdá e Cusco, ora a Guanabara e os rios Nilo e Tejo). Entretanto, o balanço da vida nos dois casos é o mesmo: “Vida noves-fora zero”.

Quando se ouve “Bandeira”, com sua melodia em dó dissonante, basicamente com instrumentos de cordas e sem percussão, vê-se que o poeta modernista e pernambucano está mais do que homenageado…

 

BANDEIRA (Zeca Baleiro)

eu não quero ver você cuspindo ódio

eu não quero ver você fumando ópio pra sarar a dor

eu não quero ver você chorar veneno

não quero beber o teu café pequeno

eu não quero isso seja lá o que isso for

eu não quero aquele eu não quero aquilo

peixe na boca do crocodilo

braço da Vênus de Milo acenando “ciao”

não quero medir a altura do tombo

nem passar agosto esperando setembro

se bem me lembro

o melhor futuro este hoje escuro

o maior desejo da boca é o beijo

eu não quero ter o Tejo me escorrendo das mãos

quero a Guanabara quero o rio Nilo

quero tudo ter estrela flor estilo

tua língua em meu mamilo água e sal

nada tenho vez em quando tudo

tudo quero mais ou menos quanto

vida vida noves fora zero

quero viver quero ouvir quero ver

(se é assim quero sim   acho que vim pra te ver)

 

 

BELO BELO (Manuel Bandeira)

Belo belo minha bela

Tenho tudo que não quero

Não tenho nada que quero

Não quero óculos nem tosse

Nem obrigação de voto

Quero quero

Quero a solidão dos píncaros

A água da fonte escondida

A rosa que floresceu

Sobre a escarpa inacessível

A luz da primeira estrela

Piscando no lusco-fusco

Quero quero

Quero dar a volta ao mundo

Só num navio de vela

Quero rever Pernambuco

Quero ver Bagdá e Cusco

Quero quero

Quero o moreno de Estela

Quero a brancura de Elisa

Quero a saliva de Bela

Quero as sardas de Adalgisa

Quero quero tanta coisa

Belo belo

Mas basta de lero-lero

Vida noves fora zero

 

 

 

Tim Maia falta ao especial “Chico & Caetano” em 1986

Nelson Motta escreveu um interessante livro sobre a vida de Tim Maia (“Vale Tudo”, Objetiva, 2007), contando as histórias dos encontro e desencontros do rei do soul, e acaba dizendo alguma coisa sobre as históricas faltas de TIM mais aos shows.

 

 

TIM geralmente faltava a shows porque estava derrubado pelo que chamava de triátlon – uma maratona de uísque, cocaína e maconha. Muitas vezes, mesmo em condição precária, ele estava até com vontade de cantarele estava até com vontade de cantar, mas não havia voz nem para dar boa noite. Outras vezes, raras segundo ele, faltava simplesmente para sacanear o contratante, com especial predileção por Chico Recarey, do Scala. Temporada era um perigo: TIM ficava tão feliz com a estreia que promovia um triátlon comemorativo com os amigos no camarim até amanhecer. E no dia seguinte não tinha voz nem show.

 

Uma das faltas memoráveis de Tim Maia aconteceu durante o Programa “Chico e Caetano”, que a globo exibia uma vez por mês, de abril a dezembro de 1986. Há alguns momentos memoráveis no programa, como apresentações de Astor Piazzola com Tom Jobim, ou uma participação da banda Legião Urbana, com Renato Russo visivelmente intimidado com a presença de seus ídolos Chico e Caetano no palco. Além dos artistas citados, passaram pelo programa Cazuza, Elizeth Cardoso, Elza Soares, Evandro Mesquita, Gilberto Gil, João Bosco, Jorge Ben Jor, Luiz Caldas, Maria Bethânia, Os Paralamas do Sucesso, Paulinho da Viola, Rita Lee, Mercedes Sosa, Pablo Milanés e Silvio Rodriguez.

 

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Em 15 de agosto de 1986, Tim Maia chegou a ensaiar na véspera, não compareceu à gravação, o que levou a equipe de produção a alterar a estrutura do programa, exibindo trechos do ensaio. Caetano, ao comentar a ausência, chegou a dizer que em Tim Maia, “o que seriam falhas se tornam enfeites”.

 

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Na gravação do ensaio, dá para se ver Tim pedindo eco, graves e agudos, fazendo exigências, tocando e se divertindo, mas até hoje ninguém sabe a razão pela qual Tim não apareceu na gravação. Virou história.

 

Fontes: http://memoriaglobo.globo.com/Memoriaglobo; Vale Tudo. Nelson Motta, Objetiva, 2007;

Musicaemprosa em abril de 2010

Na rua, na chuva, na fazenda…

Quando se pensa em Hyldon, a sua canção mais conhecida é “Na rua, na chuva na fazenda”, quando se percebe o contraste entre a melancolia da primeira parte, em tons menores , com a segunda parte, em que o eu-lírico fala da felicidade de se ter alguém que estivesse sempre com você, em qualquer lugar, seja na rua, na chuva, na fazenda, ou mesmo numa casinha de sapê.

A musa dessa canção era uma mineira, chamada Gioconda, que Hyldon conheceu, ainda adolescente, na Bahia, mais precisamente em Madre de Deus, onde a mãe de Hyldon morava.

 Gioconda era de Juiz de Fora. Depois de Gioconda voltar pra sua cidade, Hyldon se empenhou em descobrir o telefone do hotel do pai de Gioconda, em Juiz de Fora, para tentar prosseguir com ela a intensa paixão de veraneio. E falava com ela constantemente.

E a paixão continuava, e Hyldon, já compositor e morando no Rio de Janeiro, comprou um carro com o primeiro dinheiro que ganhava com direitos autorais,  e ia ver Gioconda, caindo na estrada, sempre que possível, para matar as saudades da moça, em Juiz de Fora.

Hyldon conta esse fato numa entrevista no youtube:

Gioconda, minha mulher odeia ela, nem conhece ela, mas odeia…, mas a Gioconda eu conheci na Bahia com 16 anos, e a gente mantinha uma relação, eu ia de vez em quando a Juiz de Fora, que era a cidade dela, ela era mineira, e a gente se conheceu numa ilha, na Bahia, uma ilha afrodisíaca, chamada Madre de Deus, minha mãe morava lá, ela foi numa excursão, a gente acabou se conhecendo, eu me apaixonei de primeira, era tipo assim um amor romântico, uma coisa pura, a gente se falava no telefone, ela tinha telefone o pai dela tinha um hotel, eu ia lá, o primeiro dinheiro que eu ganhei com direito autoral eu comprei o carro e fui ver a  Gioconda.

No carnaval de 1971, Hyldon alugou uma casa com os amigos em Itaipava, município de Itapemirim.

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Só que Gioconda não foi com Hyldon. Ela foi passar o carnaval na fazenda com os pais, enquanto Hyldon, apaixonado, ficou naquele carnaval chuvoso, em Itaipava, querendo tocar violão e não querendo ficar com ninguém. Ficou curtindo a saudade de Gioconda:

Era assim, era um carnaval  eu estava com os amigos, passando o carnaval lá, a gente alugou uma casa,  uma aldeia mesmo, e no meio da praça, não era bem uma praça, era um espaço, tinha uma casa de sapê, um coreto, e estava chovendo muito naquele carnaval e eu queria ficar tocando violão e tinha uma cidade perto, onde tinha umas gatinhas,tinha uns bailes de carnaval, e a Gioconda foi passar o carnaval na fazenda com os pais, e o pessoal ficava encarnando em mim, ‘poxa, você não vai pegar uma mulher não, cheia de mulher, cheia de mineira’, e eu dizia: ‘tô apaixonado’…

Algum tempo depois, já no Rio de Janeiro, em Ipanema, Hyldon compôs a música, segundo ele próprio, em “5 minutos”, pois a música estava na sua cabeça. E ali, os elementos daquele carnava. A rua, a chuva, a fazenda onde estava Gioconda, e a casinha de sapê onde ficava o coreto…

Casinha de Sapê | Coisas de Soninha

E daí o grande sucesso de Hyldon, cantada e lembrada até hoje, para a musa Gioconda…

Hyldon fez essa música em 5 minutos, em Ipanema

http://brasileiros.com.br/2014/04/os-fundamentos-do-samba-soul-segundo-hyldon/

http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2010/10/679117-na+rua+na+chuva+e+na+fazenda++a+casinha+de+sape+era+em+itaipava.html

Billie Jean

Não preciso dizer aqui – quase todo mundo sabe – que Thriller, de Michel Jackson, é o álbum mais vendido de todos os tempos, tendo vendido mais de 100 milhões de cópias. Foi com Thriller que Michael se tornou a maior estrela pop do final do século XX. Uma das formas mais importantes para a divulgação do álbum eram os videoclipes, que, para a época, eram absolutamente revolucionários. Destacam-se “Thriller”, “Beat it” e “Billie Jean”.

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 O mais interessante é que “Bille Jean” quase não entra no álbum. Narra J. Randy Tarraborreli, numa bem escrita biografia sobre Michael Jackson ( Globo, 2005), que Quincy Jones (que produziu o disco) não a considerava forte o bastante para entrar no álbum, tendo Michael de insistir, discutior e até brigar com Jones para que a música fora incluída. Quincy chegara a sugerir a mudança de título, para que a canção se chamasse  “Not my lover”. Prevaleceu a vontade de Jackson, e ainda me lembro dos passos e dos quadrados no chão acendendo aos Passos de Michael Jakson. Um clipe histórico.

 Randy Tarraborreli conta um pouco de como essa canção fora feita, a partir de uma fã obcecada que mandava cartas a Michael, dizendo ser mãe de um filho dele. Eis a história, de um trecho extraído do livro:

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Sombria e cadenciada, conforme os padrões de produção de Quincy Jones, “Billie Jean” usava a mesma batida rítmica dos predadores em suas incursões de caça. Essa canção perturbadora foi escrita por Michael com base no tema de uma garota que o acusa de ser pai de seu filho. Os casos extraconjugais de Joseph Jackson e sua filha Joh’Vonie devem ter-lhe ocorrido enquanto elaborava a letra dessa música. Além disso, Michael tinha passado por uma experiência que tinha servido de catalisador em “Billie Jean”.

Em 1981, uma fã escreveu para informá-lo de que ele era pai de seu filho. Ela mandara fotos suas e do bebê junto com a carta – uma mulher negra jovem, muito atraente, de vinte e poucos anos, que ele nunca tinha visto. Michael, que costumava receber frequentemente cartas desse teor, ignorou essa da mesma maneira que todas as outras. A moça dizia que o amava e que queria ficar com ele. Escreveu dizendo que não conseguia parar de pensar nele, e o quanto a deixaria feliz criarem juntos o filho que haviam tido. Evidentemente, era uma pessoa desequilibrada.

 Nos meses seguintes, Michael continuaria recebendo dúzias e dúzias de cartas semelhantes, enviadas pela mesma moça. Numa delas, ela dizia que o seu bebê tinha olhos iguais ao dele e perguntava como ele era capaz de ignorar o seu próprio sangue. Não demorou muito para que Michael começasse a ter pesadelos por causa dessa situação. Ficou obcecado com a mulher, perguntando-se onde estaria, quando apareceria no portão de sua casa, o que ele faria se isso acontecesse. Para algumas pessoas da família, parecia que ele tinha se tornado tão obcecado por ela quanto ela por ele.

Um dia, Michael recebeu um pacote enviado por ela. Quando o abriu, encontrou uma outra fotografia: a de sua formatura no colegial. Nessa foto, ela estava sorrindo em toda a sua juvenil inocência. Também na caixa ele encontrou uma arma. Havia um bilhete: ela pedia que Michael se matasse num determinado dia, numa determinada hora, e dizia que faria o mesmo – logo depois de matar o bebê. Acrescentava que, se eles três não poderiam ficar juntos nesta vida, então talvez se reunissem na próxima. Michael ficou horrorizado. Pegou a foto, mandou emoldurar e colocou numa mesinha de café na sala de jantar, para a grande aflição de Katherine. ‘Meu Deus, e se ela de repente aparece aqui?’, dizia ansiosamente. ‘O que faremos? Tenho de lembrar desse rosto. Só por garantia. Não posso jamais esquecer desse rosto.’

 
Essa moça nunca apareceu no portão dos Jackson. Na realidade, ele depois ficou sabendo que a pobre jovem foi internada num hospital psiquiátrico”

É certo, porém, que em entrevistas, Michael Jackson, afirmou que “Billie Jean” foi baseado nas “Groupies” que ele e seus irmãos encontraram quando faziam parte do The Jackson 5

Curiosidade 1 – Na sua autobiografia Moonwalk  , Jackson disse que Quincy Jones queria mudar o título para “Not My Lover”, porque ele pensou que seria confundido com a tenista Billie Jean King. Jackson acabou vencendo essa batalha.

Curiosidade 2 – Na mesma biografia, Michael relata que estava realmente absorvido naquela canção. Um dia, durante uma pausa em uma sessão de gravação ele estava circulando pela Ventura Freeway com Nelson Hayes, que estava trabalhando com ele nas gravações. Ele estava absolutamente concentrado na canção, quando um  jovem numa motocicleta o advertiu : “seu carro está pegando fogo.” De repente,  Michael percebeu que toda a parte inferior da Rolls-Royce estava em chamas. Ele disse estar tão absorvido por esta música flutuando em suca cabeça que ele nem percebeu o fogo.

Curiosidade 3 – Foi em Billie Jean que Michael Jackson executou o famos passo “Moonwalk”, pela primeira vez, eno especial de 25 anos da Motown (Motown 25: Yesterday, Today, Forever), no dia 25 de março de 1983 

 

 

terça 27 abril 2010 01:31 , em http://www.musicaemprosa.musicblog.com.br