O Toque de Silêncio (TAPS). A lenda por trás de uma das canções militares mais conhecidas

É comum, em cerimônias militares, que seja tocada uma canção, chamada de “Toque de Silêncio”, também conhecida como “Taps”. A referida canção tem uma história de composição relativamente simples, mas se criou uma versão melodramática que circula pela internet e pelas redes sociais sobre o tema.

Eis a versão:

Tudo começou em 1862 durante a Guerra Civil, quando o Capitão do Exército da União, Robert Ellicombe, estava com seus homens perto de Harrison’s Landing, na Virgínia. O Exército Confederado estava do outro lado da estreita faixa de terra.

Durante a noite, o Capitão Ellicombe ouviu o gemido de um soldado que estava mortalmente ferido no campo. Sem saber se era um soldado da União ou da Confederação, o capitão decidiu arriscar a vida e trazer o ferido de volta para atendimento médico.

Rastejando sobre o estômago através do tiroteio, o capitão alcançou o soldado atingido e começou a puxá-lo em direção ao acampamento. Quando o capitão finalmente alcançou suas próprias linhas, ele descobriu que era na verdade um soldado confederado, mas o soldado estava morto.

O capitão acendeu uma lanterna.

De repente, ele recuperou o fôlego e ficou entorpecido pelo choque. Na penumbra, ele viu o rosto do soldado. Era seu próprio filho. O menino estava estudando música no Sul quando a guerra estourou. Sem contar ao pai, ele se alistou no Exército Confederado.

Na manhã seguinte, com o coração partido, o pai pediu permissão a seus superiores para conceder a seu filho um enterro militar completo, apesar de seu status de inimigo.

Seu pedido foi parcialmente atendido. O capitão perguntou se ele poderia fazer um grupo de membros da banda do Exército tocar uma canção fúnebre para o filho no funeral.

Esse pedido foi recusado porque o soldado era um confederado. Por respeito ao pai, eles disseram que poderiam dar-lhe apenas um músico.

O capitão escolheu um corneteiro. Ele pediu ao corneteiro que tocasse uma série de notas musicais que encontrara em um pedaço de papel no bolso do uniforme de seu filho morto. Esse desejo foi atendido. Essa música era a melodia assustadora que agora conhecemos como “Taps”, usada em todos os funerais militares.

A história, todavia, é bem mais simples, e esclarecida pelo site snopes.com:

‘Taps’ foi composta em julho de 1862 em Harrison’s Landing, na Virgínia, mas, além desse fato básico, a peça fantasiosa citada acima de forma alguma reflete a realidade das origens daquela melodia.

Não havia filho morto, confederado ou não; nenhum corneteiro solitário sondando a última composição do menino morto. O modo como o chamado surgiu nunca foi nada mais do que um soldado influente decidindo que sua unidade poderia usar um toque de clarim para ocasiões particulares e se preparando para inventar um.

Se alguém pode dizer que compôs ‘Taps’, foi Brig. Gen. Daniel Butterfield, Comandante da 3ª Brigada, 1ª Divisão, V Corpo de Exército, Exército do Potomac, durante a Guerra Civil Americana. Insatisfeito com o disparo habitual de três tiros de rifle na conclusão dos enterros durante a batalha e também querendo um toque de clarim menos severo para sinalizar cerimonialmente o fim do dia de um soldado, ele provavelmente alterou uma peça mais antiga conhecida como “Tatuagem”, um toque de clarim francês usado para sinalizar “luzes apagadas” na chamada que agora conhecemos como ‘Taps’.

Convocando o corneteiro de sua brigada, o soldado Oliver Willcox Norton, para sua tenda em uma noite de julho de 1862, Butterfield (tenha ele escrito ‘Taps’ direto do punho ou improvisado algo novo reorganizando uma obra mais antiga) trabalhou com o corneteiro para transformar a melodia em sua forma atual. Como o soldado Norton escreveu mais tarde sobre a ocasião:

O general Daniel Butterfield … mostrando-me algumas notas em um cajado escrito a lápis no verso de um envelope, pediu-me para tocá-las no clarim. Fiz isso várias vezes, tocando a música conforme escrita. Ele mudou um pouco, alongando algumas notas e encurtando outras, mas mantendo a melodia como ele primeiro a deu para mim. Depois de obtê-lo de forma satisfatória, ele me orientou a soar aquela chamada para ‘Taps’ depois disso, no lugar da chamada regulamentar. A música era linda naquela noite tranquila de verão, e foi ouvida muito além dos limites de nossa brigada. No dia seguinte, fui visitado por vários corneteiros de brigadas vizinhas, pedindo cópias da música, que forneci com prazer. Acho que nenhuma ordem geral foi emitida pelo quartel-general do exército autorizando a substituição desta pela chamada de regulamento,

‘Taps’ foi rapidamente assumido por ambos os lados do conflito e, em poucos meses, estava sendo soado por corneteiros das forças da União e da Confederação.

Então, como agora, ‘Taps’ serve como um componente vital nas cerimônias de homenagem a militares mortos. Também é entendido pelos militares como um sinal de fim do dia de ‘luzes apagadas’.

Quando “Taps” é tocado em um funeral militar, o protocolo exige que os militares façam continência se estiverem uniformizados ou coloquem a mão sobre o coração, caso não estejam .

Fonte: http://www.snopes.com

Flor de Lis/Djavan – A lenda de que teria sido feita para uma filha que morreu no parto

A mulher e a filha de Djavan morreram durante o parto? Mais cedo ou mais tarde você vai receber uma mensagem com essa, entre tantas lendas que circulam pela internet. Estas histórias circulam pela rede com a mesma intensidade que nossos avós falavam da mula-sem-cabeça… Os autores da lenda buscam dar credibilidade à história citando alguma suposta fonte (que ninguém se dá ao trabalho de conferir), e essa notícia se espalha e as pessoas começam a citá-la como verdade. 

Djavan – Flor De Lis (1987, CD) - Discogs

Uma dessas lendas do ciberespaço diz respeito ao primeiro sucesso de Djavan, Flor de Lis, gravado no seu primeiro álbum: A voz, o Violão, em 1976. Ninguém sabe ao certo como e onde ela surgiu, mas o certo que antes da internet ela não existia…

Segundo circula na internet, Djavan era casado com uma mulher chamada Maria, os dois teriam uma filha que se chamaria Margarida, mas sua mulher teve um problema na hora do parto e ele teria que optar por sua mulher ou por sua filha…. seguindo a lenda, Djavan teria pedido ao médico que fizesse tudo que pudesse para salvar as duas, mas o destino foi duro e a mulher e a filha faleceram no parto. Essa seria a inspiração de Flor de Liz.

Djavan, no Palco MPB, em novembro de 2010, esclareceu a história:

“Existe uma explicação na internet completamente falsa, nada daquilo jamais aconteceu, não é uma experiência pessoal, é uma invenção. De um modo geral a minha composição não fala de mim mesmo. É claro que eu não posso negar que está embutido ali coisas da minha experiência de vida, até coisas que aconteceram realmente, mas não são autobiográficas, de modo algum, essa não é a intenção. (…) E a explicação que deram pra “Flor de Lis”, que eu tive uma mulher, que deu a luz a uma criança, e a mulher morreu no parto, isso é de uma imaginação incrível, Muitas vezes  Minhas canções, embora tenham algo de mim, não possuem intenção autobiográfica. A primeira vez que eu li isso eu fiquei assustado. As pessoas realmente tem muita criatividade”.

O boato na imagem abaixo

flor de lis | Segura o Picumã

Mas o mais incrível é que gente na internet divulga, e ainda diz que pouco importa que seja verdade ou não, alguns dizem que a “história é linda, mesmo que não seja verdadeira”.  

Djavan efetivamente teve uma esposa chamada Maria: Maria Aparecida dos Santos Viana, com quem viveu entre 1972 e 1998. Mas ela está bem viva, e estava com o cantor quando do lançamento da música.

Em 2013 o cantor contou, numa entrevista ao programa Viva Voz, falando de  sua intenção com a letra:

Eu nunca tive por essa música uma impressão de tristeza, embora ela fale sobre um grande amor que não aconteceu. É uma música que conta uma história, de maneira leve, e a conclusão é isso [E o meu jardim da vida ressecou, morreu/Do pé que brotou Maria, nem Margarida nasceu…]com o refrão], mas ele não está se lamentando. Ele está concluindo a história que acabou de contar. É a enésima vez que eu estou falando, nunca aconteceu nada disso, essa música nem mesmo fala de uma experiência pessoal…

Flor de Lis | Amazon.com.br

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“Flor de Lis”

“Valei-me, Deus! É o fim do nosso amor

Perdoa, por favor, eu sei que o erro aconteceu.

Mas não sei o que fez, tudo mudar de vez.

Onde foi que eu errei?

Eu só sei que amei, que amei, que amei, que amei.

Será talvez que a minha ilusão, foi dar meu coração,

com toda força, pra essa moça me fazer feliz,

e o destino não quis, me ver como raiz de uma flôr de liz.

E foi assim que eu vi nosso amor na poeira, poeira.

Morto na beleza fria de Maria.

E o meu jardim da vida ressecou, morreu.

Do pé que brotou Maria, nem Margarida nasceu.

E o meu jardim da vida ressecou, morreu.

Do pé que brotou Maria, nem Margarida nasceu…

Originalmente publicada em janeiro de 2011. – Flor de lis – a lenda

O cabrito de Roberto Carlos

Que Roberto Carlos é supersticioso, todos sabem. Que também adora animais, é fato notório. O que muitos não sabem é que, para além das baleias, o animal preferido de Roberto Carlos é o Cabrito.

Segundo Paulo César de Araújo, no seu conhecido e polêmico livro “Roberto Carlos em Detalhes” , o artista, ainda na infância, afeiçoou-se a um cabrito que apareceu perto de sua casa, que ele chegou a alimentar e cuidar. Na narrativa do livro:

“Gosto muito de bichos. Principalmente  do cabrito. É o bicho da minha infância”, revela. De fato, quando Roberto Carlos tinha dez anos de idade, se afeiçoou tremendamente por um pequeno cabrito que apareceu  perto de sua casa. O cabrito foi até batizado por ele, com o nome de Primo, por causa dos personagens do primo pobre e do primo rico, quadro humorístico de grande  sucesso da Rádio Nacional. “æquele cabrito era o primo pobre. Eu o alimentava com muito cuidado e até vi nascer o seu pequeno chifre. Primo era muito meigo e despertou  o amor de todos lá em casa.”

Livro: Roberto Carlos Em Detalhes - Paulo Cesar de Araújo | Estante Virtual

No entanto, a relação com o cabrito chamado “Primo” não durou muito. Não se sabe muito bem o que aconteceu. Continua Araújo no relato:

Cabrito ganha espaço na produção leiteira e como animal de estimação

Mas a relação não durou muito porque tinha gente ali pela redondeza de olho naquele cabrito e as intenções não deviam ser das mais amáveis.  Dito e feito. Numa certa manhã, quando Zunga desceu para mais uma vez alimentar o cabrito, descobriu que Primo tinha desaparecido. “Nunca mais o vi. Primo devia  ser um cabrito cigano. Mas pode ser que o tenham mesmo roubado”, afirma o cantor, que a partir daí nunca mais conseguiu comer carne de cabrito. Sempre que lhe ofereciam  o prato, ele lembrava do Primo e o recusava.

Lendas Musicais. Como “We are the champions” salvou marinheiros do naufrágio e de tubarões

Em épocas de Rock in Rio, impossível não lembrar da participação de maior sucesso na primeira edição do evento, que foi a banda britânica Queen, uma das maiores bandas de rock nos anos de 70/80, até a morte de seu vocalista, Freddie Mercury, em 1991, e cujo sucesso repercute até hoje. Uma das suas músicas mais tocadas e até hoje repetidas é “We are the champions“, que pode ser resumida a uma exortação ao triunfo na vida após ter passado por adversidades (mas isso é assunto de uma postagem à parte).

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O certo é que a música foi composta por Freddie Mercury pensando em futebol quando. Ele declarou querer uma música de participação, algo que os fãs pudessem ouvir, mas com uma sutileza teatral maior do que um canto de futebol comum. Freddie chegou a dizer que esta seria sua versão de My Way  , sucesso de Frank Sinatara. “Nós conseguimos, disse Freddie, e certamente não foi fácil. Não há uma cama de rosas  como a música diz. E ainda não é fácil. “

Curioso é que no site http://www.queenbrazil.com/, há uma inusitada história em que a música “We are the champions” salvaram a vida de dois marinheiros, seja do naufrágio, seja dos tubarões. Eis a história:

Esta história foi narrada por Miguel Judas, na revista FHI .

Conta que em meados de 92, na costa africana Paulo e um amigo, não identificado, trabalhavam no serviço de fragatas da marinha portuguesa e estavam indo em direção á uma ilha localizada na linha do Equador.

De repente, ouvem a famosa frase: Homem ao mar, mas era simulação de treino, então Paulo e o amigo vão ao treinamento salvar o tal boneco, (porém um dos homens deveria ficar no barco), mas um solavanco inesperado, muito comum nessas águas acaba por atirar ambos contra o navio e caírem ao mar. Ficam então muito tempo na água, apenas com o salva vidas, esperando algum tipo de socorro. O barco assim, sem tripulantes… vai literalmente embora e acaba desaparecendo no horizonte… Isso já era mais que motivo suficiente pra deixá-los desesperados.

Tempos depois percebem a visita de “amiguinhos marinhos- tubarões”. Como eram treinados, ficam quietos, mas é impossível não produzir som no mar e ficar calma muito tempo quando se tem tubarões te cerceando.

De repente, Paulo relatando a historia, não sabe o porquê, mas entra num estado de euforia, ou simplesmente, surta em pleno mar (o que é explicado em psicologia), acaba gritando em alto e forte tom “We Are The Champions”… o amigo começa a rir e canta também… Bem, até hoje ele num sabe explicar o porque da música, mas foi a que veio na cabeça. Fato é, que os tubarões, por um milagre, por sorte, ou porque ele cantava muito mal, se afastaram. Neste ínterim, um outro barco que passava por perto, ouviu o “concerto” dos amigos e veio em sua direção, salvando-os.


Bem, esta história, fãs, acreditem , é verdadeira, e o relato completo esta na revista acima citada.

Não se sabe o que há de exagero ou verdade nesse relato. Mais uma das histórias que acabarão por virar lenda….

 

Jardim da fantasia: A lenda de que haveria sido composta para uma noiva que morreu

No filme “O homem que matou o facínora” estrelado por John Wayne e dirigido por John Ford, há uma frase que se tornou clássica: “quando o fato fica maior que a lenda publique a lenda“.

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Jardim da fantasia, de Paulinho Pedra Azul, gravada em 1973, é uma das canções em que, vez ou outra, escuto uma versão de que se tornou muitas vezes maior do que sua verdadeira história. Reza a lenda que Paulinho compôs a música para sua ex-noiva, que teria morrido num acidente.

Ainda segundo a lenda, a imagem derradeira que o compositor teria de sua noiva era na ocasião do acidente, com sangue escorrendo no canto de sua boca. Como não seria deste modo que ele gostaria de preservar a lembrança, ele compôs a música para ela.

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Logo, no trecho que diz “tua boca pingava mel”, era uma referência ao sangue que escorria da boca.

Em outro momento, quando a letra trata Outra de voar para o céu azul e pela estrada do além em busca da amada, em cujo lugar ele não sabia onde estava, então pergunta “onde estará meu bem?”.

Paulinho Pedra Azul esclarece, no livro “Então, foi assim?”, de Ruy Godinho a verdadeira história da canção e como a lenda o persegue (ah, e a letra também não tem nenhuma relação com o pássaro bem-te-vi) :

 

“Jardim da Fantasia foi uma das primeira músicas que eu compus. Eu tinha uns 17 anos, por aí… Eu me separei de minha primeira namorada. Ela estava com 12 anos quando nós começamos a namorar e eu tinha uns 15 anos. Depois nós nos separamos porque eu tive que mudar para Vitória, Espírito Santo, para a casa de um tio meu, para estudar o colegial. E nessa viagem de Pedra Azul para Valadares [MG] e de lá pegando o trem para Vitória, eu comecei a compor essa música, Jardim da Fantasia, que apelidaram carinhosamente de “bem-te-vi”. E o bem te vi da música, realmente, não tem nada a ver  com passarinho. É eu vi você andar por um jardim em flor…” explica Paulinho, sem dó nem piedade do imaginário coletivo.

E então ele explica de onde vem a lenda:

E a partir daí começaram a inventar algumas histórias. Disseram que eu tinha feito essa música para uma namorada minha que tinha morrido. E essa música não tem nada de morte, só de vida. Por exemplo: por um jardim em flor… falaram que era o cemitério. E tua boca pingava mel diziam que era sangue pingando da boca de minha noiva. E a música foi feita apenas para uma separação, para dois adolescentes que tiveram dois anos de namoro e se separaram”, diverte-se Paulinho com a criatividade das pessoas”.

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A musa ainda hoje está viva. Casou-se com um amigo de Paulinho, teve filhos maravilhosos e são felizes em Pedra Azul, garante ele.

 

Essa música tem muita história. Eu tive um show numa cidade chamada Pouso Alegre, no Sul de Minas. Terminei o Show e eu costumo trocar de blusa suada para depois ir autografar os discos.

Aí teve um cara que incomodou demais. Ele estava empurrando, chorando e o deixaram entrar no camarim. O cara entrou e me abraçou. Eu pensei: ‘ Pô, esse cara deve ter adorado o show’.

Aí, ele falou: ‘Eu passei pelo mesmo problema que você passou. Eu também tive uma noiva que morreu’.

Eu dei um tempo, o abracei, e acariciei e lhe disse: ‘Olha, se minha música fez você lembrar de sua noiva que morreu, tudo bem e tal. Mas eu não tive noiva e nesse música ninguém morreu’.

Ele tornou a me apertar e disse: ‘Eu sei que você não gosta de tocar no assunto’. Aí, eu falei: ‘Não tem jeito’!

 

E não para por aí. Outro episódio muito engraçado aconteceu no interior de Minas Gerais. (…) Um belo dia, uma professora de determinada escola escolheu Jardim da Fantasia para ser interpretada pelas crianças. E ligou convidando Paulinho para ir até lá, que as crianças queriam fazer uma homenagem a ele.

 

“Eu disse: ‘ Vou com o maior prazer’. Cheguei à escola e ela falou que iriam abrir uma porta e teria uma surpresa para mim. Um pátio enorme, a porta se abriu e eu entrei. O que eu vi? Umas cento e cinquenta crianças, cada uma com um bem-te-vizinho nos dedinhos, levantando e descendo, cantando: ‘Bem-te-vi, bem-te-vi, andar por um jardim em flor’…

Eu achei  aquilo maravilhoso. Mas por outro lado aquilo me incomodou e eu falei para a professora: ‘Olha, está tudo lindo, maravilhoso, mas o bem te vi aí da música não é do passarinho, não. É o mesmo que eu te olhei, bem que eu vi você andar por um jardim em flor’…

A professora se assustou e me falou quase em pânico: ‘PelamordeDeus! Jamais revele isso para essas crianças! Há três meses que elas estão recortando os bem-te-vis só pra cantar pra você!

Paulinho Pedra Azul gravou Jardim da Fantasia, no primeiro LP dele, homônimo(1982).

 

 

os “velsos” de Ary Barroso.

Ary Barroso é um dos personagens míticos da música brasileira.  Locutor esportivo, apaixonado pelo flamengo, ele tinha um programa de calouros na Rádio Tupi, em que ele inicialmente entrevistava o candidato. Em seguida, fazia algumas brincadeiras, piadas, sendo célebre a apresentação de Elza Soares, lançada por Ari no seu programa.

Quando o intérprete cantava e desafinava, soava um gongo que desclassificava o calouro. Era comum que alguns, envergonhados, saíssem chorando do auditório.

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O humorista José Vasconcelos, no show no qual se consagrou (“Eu sou o espetáculo”) fazia uma imitação de Ary às voltas com um calouro, não esclarecendo se é fato, mito ou piada.

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No auditório da Rádio Mayrink Veiga, no Rio, Ary apresentava o programa “Calouros em Desfile”, que, segundo ele, procurava revelar valores para a música nacional.

Conta o episódio que num certo dia, ele recebeu um calouro que se intitulava José Maria Chiado, torcedor do Fluminense (Ary Barroso era Flamengo).

“Eu nasci no Estado do Rio, não é seu Ary? Quem nasce no Rio não é Fluminense? Campeão e tal.”

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Já aborrecido, Ary mudou de assunto e perguntou o que o seu Chiado ia cantar.

“Eu vou cantar um sambinha”, disse o calouro.

Barroso reclamou de novo: “? É o tal negócio, vai cantar música brasileira é sambinha. Se ele viesse aqui cantar um mambo, ele diria vou cantar um mambo, não era mambinho não, era mambo no duro. Mas vai cantar música brasileira é sambinha, na base do deboche”.

E indagou: “Muito bem seu Chiado, qual é o sambinha que o senhor vai cantar?”

E a resposta: “Aquarela do Brasil”. (Composição de Ary Barroso)

Nova bronca do Ary que, afinal, mandou o Chiado cantar.

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E ele: “Brasil, meu Brasil brasileiro…, vou cantar-te nos meus velsos“…

Foi o suficiente. Soou o gongo e Ary Barroso detonou: “Pode parar, seu Chiado. O senhor pode cantar nos seus velsos, nos meus verrrrsos o senhor não vai cantar, não. Vá aprender português, seu Chiado. Sambinha é o diabo que o carregue!

http://blogln.ning.com/profiles/blogs/divertidas-historias-de

10 superstições de Roberto Carlos…

 

O brasileiro é supersticioso. Roberto Carlos, mais supersticioso ainda. Suas superstições são tão fortes, que, em razão delas, Roberto não canta algumas músicas que gravara anteriormente, pois se recusa a cantar palavras negativas, como mentira, mal, ou coisas do gênero. Segundo Paulo César de Araújo,  na biografia não autorizada que fez sobre o cantor  (Roberto Carlos em detalhes, Planeta, 2006), o Rei  não canta mais Quero que tudo vá para o inferno (por causa da palavra inferno), Como dois e dois (por causa do verso tudo vai mal) ou na música É preciso saber viver  ele substitui a frase “Se o bem e o mal existem” por “se o bem e o bem existem”. 

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Por isso, ainda segundo Paulo Cesar, vamos destacar 10 superstições de Roberto Carlos: 

1 – Não gosta de roxo, e sobretudo, não gosta da cor marrom. (A sua preferida, quase todos sabem, é azul. O repúdio ao marrom vem por causa do seu avô, Joaquim Braga, que nunca montava a cavalo vestido de marrom);

2 – Não passa debaixo de escada;

3 – Sempre sai dos lugares pela mesma porta que entrou;

4 – Jamais volta a fita do gravador (bem, agora não há mais fita nem gravador…)

5 – Nunca rabisca uma seta de cabeça para baixo;

6 – Nunca assina nenhum documento importante na lua minguante;

7 – Não começa nenhuma temporada ou gravação de disco em agosto; 

8 – Deixa sempre para as almas o último pedaço de qualquer coisa que estiver comendo; 

9 – Não gosta do número 13 (não senta em poltrona de avião com número 13, por exemplo. Na verdade, Roberto gosta do número 5); 

10 – Procurar repetir sempre o mesmo movimento da tranca da porta. 

 

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Alguma delas coincide com a sua? Por via das dúvidas, o texto vai todo em azul… Marrom? Que nada!!!

sexta 09 setembro 2011 01:47 , em As lendas

Gilberto Gil cantando Marighella?

 

Quem assistiu o filme “O que é isso, Companheiro” (dirigido por Bruno barreto inspirado na obra homônima de Fernando Gabeira),  percebe, numa cena perto do final do filme, a personagem interpretada por Fernanda Torres dizer que Gilberto Gil, numa determinada canção, gritaria o nome “Marighella”… para em seguida dizer que, para que fosse ouvido o nome corretamente, teria que ser ouvido ao contrário.

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Fiquei curioso e fui atrás da famosa canção. Em inúmeros sítios digitais e blçogs, encontrei a alegada resposta: o Grito estava na canção Alfômega, que consta de um disco gravado por caetano em 1969 (o LP tem a capa branca com a assinatura de Caetano. Foi gravado pouco depois que saíram da prisão).

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No meio da canção, Gil faz algumas onomatopeias vocais, e vi muita gente jurar que Gilberto Gil gritava nitidamente o nome “Marighella”. E, para quem não sabe, Marighella foi um dos principais personagens da luta armada contra a ditadura militar no Brasil, morto pela ditadura em novembro de 1969.

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Marighella

No livro “O que é isso, companheiro”, Gabeira relatou, após o sequestro do embaixador americano, sua mania de ouvir discos bem baixinho, quando estava escondido, na clandestinidade, para não incomodar os vizinhos:

“…Num deles, Gil gritava Marighella. No princípio foi interessante reconhecer aquele nome, mais ou menos gritado às pressas, propositalmente, não articulado. Depois era fácil acompanhar a música que, dentro de alguns segundos, ia dizer Marighella. Finalmente, era insuportável ouvir aquele grito de Marighella, repetido mil vezes, ao longo daqueles dias. Sobretudo porque num deles a televisão anunciava a morte de Marighella, assassinado em São Paulo. A morte de Marighella foi a resposta que o governo deu ao sequestro do Embaixador americano...” 

Ouvindo atentamente a canção, parece que, em certa altura, Gil, canta algo que parece ser assim: “iê, ma-ma-mar-guella!”  Veja no minuto 1:31 do vídeo abaixo 

Só que recentemente, Gilberto Gil, no documentário: “Canções do exílio: a labareda que lambeu tudo”, (que conta a trajetória de Gil, Caetano, Jorge Mautner e Jards Macalé sobre as prisões que sucederam ao AI-5, no fim de 68), desmente que tenha gritado o nome de Marighella na canção:

“Dizem, as pessoas, muita gente diz que ouvia num trecho de uma das músicas daquele disco que eu fiz quando saí do Brasil, que eles ouviam o grito do Marighella, coisa que eu nunca fiz. Eu insistentemente ouvia pra ver e eu não achava nem parecido com alguém gritando Marighellla. E na verdade o que acontecia ali eram aqueles gritos normais que eu dou até hoje no meio das minhas músicas, uma daquelas onomatopeias típicas do meu modo de me exprimir musicalmente. Mas nunca, nunca fiz menção ao Marighella, até porque eu tenho impressão que era muito destemor, seria muito destemor da minha parte, naquele momento, diante daquela situação toda fazer esse tipo de coisa.  É um mito, é uma lenda…” 

 

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Está aí a canção. Reparem nos vocais de Gil. Está no minuto 1:30 do video aqui postado.  Conseguem perceber? Ou será que é apenas uma lenda?

domingo 12 fevereiro 2012 02:10 , em As lendas

A história de Eleanor Rigby

Há algumas histórias curiosas por trás de Eleanor Rigby, gravada pelos Beatles e lançada no disco Revolver, em 1966. A música, que exorta as pessoas a olhar e prestar atenção às pessoas solitárias, conta a história de uma mulher que recolhe o arroz da igreja depois do casamento, e do Padre Mckenzie, que escreve um sermão que ninguém vai ouvir…O destino dos dois se encontra no dia em que Eleanor está morta, na igreja. Ninguém comparece ao enterro. O padre McKenzie se afasta do túmulo e limpa suas mãos.

A canção, que foi um grande sucesso, ainda hoje gera polêmicas, sobre a existência ou não de uma “Eleanor Rigby” real. Steve Turner conta um pouco disso no livro “Beatles- A história por trás de todas as canções”, quando revela que o nome original era Daisy Hawkins…

 

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Assim como aconteceu com muitas canções de Paul, a melodia e as primeiras palavras de “Eleanor Rigby” surgiram enquanto ele tocava piano. Ao se perguntar que tipo de pessoa ficaria recolhendo arroz em uma igreja depois de um casamento, ele acabou sendo levado à sua protagonista. Ela originalmente se chamaria Miss Daisy Hawkins, porque o nome encaixava no ritmo da música.

Paul começou imaginando Daisy como uma jovem, mas logo percebeu que qualquer uma que limpasse igrejas depois dos casamentos provavelmente seria mais velha. Se ela era mais velha, talvez fosse uma solteirona, e a limpeza da igreja se tornou uma metáfora para suas oportunidades de casamento perdidas. Então ele a baseou em suas lembranças das pessoas mais velhas que conheceu quando era escoteiro em Liverpool.

Paul continuou a pensar sobre a música, mas não estava confortável com o nome Miss Daisy Hawkins. Não parecia suficientemente “real”. O cantor de folk dos anos 1960 Donovan lembra que Paul tocou para ele uma versão da música em que a protagonista se chamava Ola Na Tungee. “A letra ainda não estava terminada para ele”, conta Donovan.

Ele sempre dizia que optou pelo nome Eleanor por causa de Eleanor Bron, atriz principal de Help!. O compositor Lionel Bart, porém, estava convencido de que a escolha tinha sido inspirada por uma lápide que Paul viu no Putney Vale Cemetery, em Londres. “O nome na lápide era Eleanor Bygraves”, conta Bart, “e Paul achou que se encaixaria na música. Ele voltou para o meu escritório e começou a tocá-la no clavicórdio.”

Eleanor Bron com os Beatles

O sobrenome surgiu quando Paul deparou com o nome Rigby em Bristol em janeiro de 1966, durante uma visita a Jane Asher, que estava fazendo o papel de Barbara Cahoun em The Happiest Days Of Your Life, de John Dighton. O Theatre Royal, casa do Bristol Old Vic, fica no número 35 da King Street e, enquanto Paul esperava Jane terminar o trabalho, passou por Rigby & Evens Ltd, Wine & Spirit Shippers, que ficava do outro lado da rua, no número 22. Era o sobrenome de duas sílabas que ele estava procurando para combinar com Eleanor.

A música foi concluída em Kenwood quando John, George, Ringo e o amigo de infância de John, Pete Shotton se reuniram em uma sala cheia de instrumentos. Cada um contribuiu com ideias para dar substância à história. Um sugeriu um velho revirando latas de lixo com quem Eleanor Rigby pudesse ter um romance, mas ficou decidido que complicaria a história. Um padre chamado “Father McCartney” foi criado. Ringo sugeriu que ele poderia estar cerzindo as próprias meias, e Paul gostou da ideia. George trouxe a parte sobre “as pessoas solitárias”. Paul achou que deveria mudar o nome do padre porque as pessoas pensariam se tratar de uma referência ao seu pai. Uma olhada na lista telefônica trouxe “Father McKenzie” como alternativa.

 


Depois, Paul ficou tentando pensar em um final para a história, e Shotton sugeriu que ele unisse duas pessoas solitárias no verso final, quando “Father McKenzie” conduz o funeral de Eleanor Rigby e fica ao lado de seu túmulo. A ideia foi desconsiderada por John, que achava que Shotton não tinha entendido a questão, mas Paul, sem dizer nada na época, usou a cena para terminar a música e reconheceu mais tarde a ajuda recebida.

 

Interessante que, na década de 80, foi encontrada uma lápide de uma Eleanor Rigby no cemitério de St Peter’s, Woolton, bem próximo ao local em que John e Paul tinham se conhecido no festival anual de verão, em 1957. Woolton é um subúrbio de Liverpool e Lennon conheceu McCartney em uma festa na Igreja de São Pedro. 

Eleanor Rigby

Assim, foram atrás da história da “real” Eleanor Rigby, que Nasceu em Eleanor, que nasceu em 29 de agosto de 1895, no 8 Vale Road, em Wolton.

Eleanor Rigby, que na verdade, era Eleanor Rigby Whitfield, morreu quando Eleanor ainda era criança. Sua mãe casou-se novamente, e teve duas filhas, irmãs de Eleanor: – Edith e Hannah Heatley.

Interessante que Eleanor, para os padrões da época, demorou-se a casar, o fazendo apenas em 1930, aos 35 anos de idade, com Thomas Woods, um capataz de ferrovia com 17 anos de idade.

Eleanor não teve filhos. Em 10 de outubro de 1939, um mês após o início da Segunda Guerra Mundial, sofreu uma enorme hemorragia cerebral.

 

Paul sempre deixou bem claro que Eleanor Rigby foi uma personagem fictícia, inventada, embora se especule que Paul tenha visto a lápide na adolescência, e o som do nome tenha ficado em seu inconsciente até vir à tona pelas necessidades da canção. Na época ele afirmou: “Eu estava procurando um nome que parecesse natural. Eleanor Rigby soava natural”.  

beatles

Há, em Liverpool, uma estátua da Eeleanor Rigby fictícia, numa homenagem a todas as pessoas solitárias…

 

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Outra Curiosidade: O Father Mckenzie iria se chamar Father McCartney, mas Paul teria ficado receoso que seu pai, convertido ao catolicismo, pudesse interpretar mal a referência, ele escolheu o sobrenome numa lista telefônica. 

A tradução:

 

 

Ah, olhe para todas as pessoas solitárias!

Ah, olhe para todas as pessoas solitárias!

 

Eleanor Rigby, apanha o arroz na igreja

Onde um casamento aconteceu

Vive em um sonho

Espera na janela

Vestindo um rosto que ela guarda num jarro perto da porta

Para quem é?

 

Todas as pessoas solitárias

De onde todas elas vêm?

Todas as pessoas solitárias

A que lugar todas elas pertencem?

 

Padre McKenzie, escrevendo as palavras de um sermão

Que ninguém vai ouvir

Ninguém chega perto

Olhe para ele trabalhando, remendando sua meias à noite

Quando não há ninguém lá

O que é importante para ele

 

Todas as pessoas solitárias

De onde todas elas vêm?

Todas as pessoas solitárias

A que lugar todas elas pertencem?

 

Ah, olhe para todas as pessoas solitárias!

Ah, olhe para todas as pessoas solitárias!

 

Eleanor Rigby morreu na igreja

E foi enterrada junto com seu nome

Ninguém veio

Padre McKenzie limpando a sujeira de suas mãos

Enquanto caminha do sepulcro

Ninguém foi salvo

 

Todas as pessoas solitárias

De onde todas elas vêm?

Todas as pessoas solitárias (Ah, olhe para todas as pessoas solitárias!)

A que lugar todas elas pertencem?

 

 

 

 

 

Fontes:

http://www.dailymail.co.uk/femail/article-1088454/REVEALED-The-haunting-life-story-pops-famous-songs–Eleanor-Rigby.html

Steve Turner: Be