Quando se pensa em Hyldon, a sua canção mais conhecida é “Na rua, na chuva na fazenda”, quando se percebe o contraste entre a melancolia da primeira parte, em tons menores , com a segunda parte, em que o eu-lírico fala da felicidade de se ter alguém que estivesse sempre com você, em qualquer lugar, seja na rua, na chuva, na fazenda, ou mesmo numa casinha de sapê.
A musa dessa canção era uma mineira, chamada Gioconda, que Hyldon conheceu, ainda adolescente, na Bahia, mais precisamente em Madre de Deus, onde a mãe de Hyldon morava.
Gioconda era de Juiz de Fora. Depois de Gioconda voltar pra sua cidade, Hyldon se empenhou em descobrir o telefone do hotel do pai de Gioconda, em Juiz de Fora, para tentar prosseguir com ela a intensa paixão de veraneio. E falava com ela constantemente.
E a paixão continuava, e Hyldon, já compositor e morando no Rio de Janeiro, comprou um carro com o primeiro dinheiro que ganhava com direitos autorais, e ia ver Gioconda, caindo na estrada, sempre que possível, para matar as saudades da moça, em Juiz de Fora.
Hyldon conta esse fato numa entrevista no youtube:
Gioconda, minha mulher odeia ela, nem conhece ela, mas odeia…, mas a Gioconda eu conheci na Bahia com 16 anos, e a gente mantinha uma relação, eu ia de vez em quando a Juiz de Fora, que era a cidade dela, ela era mineira, e a gente se conheceu numa ilha, na Bahia, uma ilha afrodisíaca, chamada Madre de Deus, minha mãe morava lá, ela foi numa excursão, a gente acabou se conhecendo, eu me apaixonei de primeira, era tipo assim um amor romântico, uma coisa pura, a gente se falava no telefone, ela tinha telefone o pai dela tinha um hotel, eu ia lá, o primeiro dinheiro que eu ganhei com direito autoral eu comprei o carro e fui ver a Gioconda.
No carnaval de 1971, Hyldon alugou uma casa com os amigos em Itaipava, município de Itapemirim.

Só que Gioconda não foi com Hyldon. Ela foi passar o carnaval na fazenda com os pais, enquanto Hyldon, apaixonado, ficou naquele carnaval chuvoso, em Itaipava, querendo tocar violão e não querendo ficar com ninguém. Ficou curtindo a saudade de Gioconda:
Era assim, era um carnaval eu estava com os amigos, passando o carnaval lá, a gente alugou uma casa, uma aldeia mesmo, e no meio da praça, não era bem uma praça, era um espaço, tinha uma casa de sapê, um coreto, e estava chovendo muito naquele carnaval e eu queria ficar tocando violão e tinha uma cidade perto, onde tinha umas gatinhas,tinha uns bailes de carnaval, e a Gioconda foi passar o carnaval na fazenda com os pais, e o pessoal ficava encarnando em mim, ‘poxa, você não vai pegar uma mulher não, cheia de mulher, cheia de mineira’, e eu dizia: ‘tô apaixonado’…

Algum tempo depois, já no Rio de Janeiro, em Ipanema, Hyldon compôs a música, segundo ele próprio, em “5 minutos”, pois a música estava na sua cabeça. E ali, os elementos daquele carnava. A rua, a chuva, a fazenda onde estava Gioconda, e a casinha de sapê onde ficava o coreto…

E daí o grande sucesso de Hyldon, cantada e lembrada até hoje, para a musa Gioconda…
Hyldon fez essa música em 5 minutos, em Ipanema
http://brasileiros.com.br/2014/04/os-fundamentos-do-samba-soul-segundo-hyldon/