Quando anunciaram que Netinho estaria de volta ao carnaval da Bahia, ainda que fosse num camarote, e não num trio elétrico, muito se especulou.
Chegaram a dizer que ele não iria, ou que cantaria apenas 2 ou 3 músicas.
Ledo engano.

Um dos maiores puxadores de trio de todos os tempos estava lá. Depois de 5 anos, um avc, ficar entre a vida e a morte.
No camarote do Nana.
Sábado de carnaval, 2017.
Muitos só foram lá por causa dele. Outros, só conheciam “Mila” do seu repertório. Pouco importa. Ele conquistou e reconquistou a todos, com positividade, com alegria, com emoção.

Netinho não estava mais como o “malhado” do final dos anos 90. Estava de turbante, bermuda, colete, um colar vermelho no pescoço e descalço. Disse que iria fazer uma viagem musical pelos anos 90, época de alegria, de positividade…
Começou cantando “Preciso de você”, certamente não por acaso.
A todo tempo, ressaltava a alegria de estar ali. Não tinha a mesma mobilidade. Se apoiava para dar algum pulo. Pediu para diminuir a iluminação porque deixava ele tonto.
Depois de umas poucas canções, chamou ao palco o médico médico Roberto Kalil Filho, do Hospital Sírio-Libanês. Chorando, agradeceu o dom de viver. Agradeceu a Douglas, seu fonoaudiólogo que recuperou sua voz.
“Em 2013, fui dado como morto em Salvador e em São Paulo uma pessoa me curou. Quem acredita em Deus sabe da força que ele tem. Deus esteve comigo o tempo todo”.

E tocou o repertório completo. Tocou alguns de seus maiores sucessos desde a Banda Beijo, como “Beijo na Boca”, “Jeito Diferente”, “Barracos”, “A vida é festa”, “Capricho dos Deuses”, “Fim de semana”.
Ao puxar “Estrela Primeira”, disse que só quem pulou carnaval de mortalha, na Avenida, saberia o significado daquilo tudo.
Às vezes, sentava no chão, num banquinho, mas estava firme. Quando tocou a música de Gonzaguinha, “O que é, o que é?”, chorou muito. Muito emocionado, agradeceu. Mas não foi apenas um show comovente, Teve pouco papo e muito som. Prometeu estar em cima do trio no ano que vem.
E no final, pediu que todos abrissem os braços e dissessem “obrigado”. Obrigado a você, Netinho, protagonista da história do Carnaval da Bahia. Quem já pulou nos Blocos Beijo e Pinel sabe bem disso. Vida longa e muitas canções para Netinho. Fechando esse mês de postagens carnavalescas….
