No começo da Carreira, Gal costa, pelo seu timbre único e pelo seu jeito suave de cantar, chegou a ser chamada de “João Gilberto de Saias”. Mas por trás daquela voz inconfundível existe uma mulher ousada, que arrisca, e não foram poucas vezes que Gal saiu da sua zona de conforte de uma das maiores cantoras da música brasileira de todos os tempos para arriscar.
Apenas para citar de memória, posso fazer referências a “Divino, Maravilhoso”, que apresentou em 1968, no Festival da Record, com cabelo black power, roupas berrantes e atitudes agressivas, ou a capa do disco India, em que logo na capa do LP, tinha uma foto em close da cantora, somente com uma tanga vermelha (na verdade, a foto era da tanga de Gal).

Mas poucos escândalos foram tão comentados quanto o show”O Sorriso do Gato de Alice”. O show foi dirigido pelo controvertido o diretor teatral Gerald Thomas. Estreou no Rio de Janeiro, em setembro de 1994, e causou muita polêmica.
Duas cenas chamam inicialmente a atenção: a primeira, logo no início do espetáculo, quando Gal surgiu, arrastando-se sobre um teto cenográfico como se fosse uma gata vagando pela cidade sob a lua. O público, na noite da estreia, chegou a vaiar Gal.

Mas o melhor estava por vir. Durante a música Brasil (Brasil, mostra a tua cara / Quero ver quem paga pra gente ficar assim), de Cazuza, Gal, que cantava com algo que parecia um pijama, abriu a blusa e cantou com os seios à mostra.

Foi praticamente capa de todos os jornais do Brasil. Vieram inúmeras críticas, piadas; alguns, mais moralistas, indignados; outros, fãs de Gal, aturdidos. Chegaram a dizer que as propostas de Gerald Thomas oprimiam Gal.
Em duas entrevistas, Gal se manifestou sobre o tema. A primeira delas foi no ProgramaRoda Viva, da TV Cultura:
Gal Costa: Não me arrependi em nenhum momento de ter feito o espetáculo com Gerald Thomas. Era o que eu queria. Acho que eu tenho muita honra e muito orgulho de ter feito esse espetáculo. Acho que era um espetáculo belíssimo, cenicamente era lindo, era uma espetáculo bem acabado, que eu acho o Gerald Thomas talvez o melhor encenador – estou falando encenador – brasileiro. A luz era deslumbrante, o cenário era lindo. Eu não me arrependo em nenhum segundo. Eu fazia o espetáculo com o maior prazer, não me sentia oprimida, como a imprensa falou, que o Gerald me oprimiu, não me oprimiu, porque eu fiz aquilo que eu quis. Eu só faço aquilo que eu quero. E eu me sentia bem e acho que faz parte da minha história. Quem conhece a minha história sabe que eu sou ousada e que eu faço essas coisas. Eu sei que elas têm um preço, mas eu encaro.
Gal Costa: Eu, na verdade, eu fiquei um pouco surpresa. Eu sabia que algumas pessoas iriam se chocar com essa atitude. Eu fiquei impressionada com a quantidade, com o número de pessoas que se chocaram por ver um peito de uma mulher de fora, num palco. Eu acho que aquilo era colocado de uma maneira tão digna, era um momento tão importante, quer dizer, no momento em que eu cantava Tropicália, era um momento que estava ligado à história do Tropicalismo, à história dessa irreverência, dessa coisa que ele falou, de comportamento. Estava ligado a isso. Na verdade, aquilo era um pouco uma retomada da minha carreira. Eu cantei coisas do início da minha carreira, gravações. E a atitude também de entrar no palco, a atitude inusitada de entrar no palco como uma gata, não entrar como uma estrela, é engraçado como isso também incomodou as pessoas. E as pessoas reclamam, reclamam que a gente é igual. O que eu tenho medo é de me estagnar, de ficar igual. Podia entrar no palco, ao som de uma banda, com um vestido lindo, uma mulher bonita, e pronto…cantar, mas não é isso que eu quero. Eu prefiro, entendeu, ir por caminhos mais difíceis até porque eu sei que essas coisas provocam reação, provocam polêmica, mas para mim são mais enriquecedoras, porque me dão coisas novas, à minha personalidade.
Fontes: http://galcostafatal.blogspot.com/search/label/1994%20-%20SHOW:%20O%20SORRISO%20DO%20GATO%20DE%20ALICE; http://www.rodaviva.fapesp.br/materia/41/entrevistados/gal_costa_1995.htm;http://www.galmariacosta.com.ar/portugues.php?idnota=2363
Simplesmente LINDA !
Eternamente linda !
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Sem dúvida essa turnê, apesar de ótima, foi bastante polêmica.
Tanto que pouco tempo depois,
quando Gal aderiu aos acústicos da MTV Brasil,
em um dos shows do acústico,
no final dos anos 1990,
um gaiato pediu para ela cantar com os seios à mostra novamente.
Gal, com razão, foi ríspida: Fez o cidadão baixar a crista exigindo respeito.
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