Nara Leão – Dez anos depois… o seu retorno à bossa-nova em 1971

 

A trajetória musical de Nara Leão é das mais originais da música brasileira. extremamente inquieta, ela foi inicialmente considerada a musa da bossa nova, onde no apartamento de seus pais surgiram as famosas rodas de violão das quais participavam Carlos Lyra, Roberto Menescal, Sérgio Mendes e seu então namorado Ronaldo Bôscoli. Depois de romper com a bossa nova, interessou-se pelo samba de morro, gravou o extremamente politizado disco Opinião, que gerou o show homônimo, junto com João do Vale e Zé Keti, namorou o tropicalismo e fez parte do famoso disco Tropicália, em 1968, isso com apenas 26 anos.

O rompimento com a Bossa Nova deve-se muito ao rompimento de seu noivado com Ronaldo Bôscoli, um dos principais compositores da Bossa Nova, em face do caso que Bôscoli teve com a cantora Maysa.

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Após o rompimento, entre 1974 até 1970 Nara gravou 10 discos, todos afastados da Bossa Nova. Nara Leão só se reconciliaria efetivamente com a Bossa Nova em 1971, quando gravou o Lp duplo Dez Anos Depois. Jobim, Vinícius de Moraes, Carlos Lyra, Baden Powell, Johnny Alf, Newton Mendonça e Chico Buarque. A produção do disco é de Roberto Menescal, mas não há nenhuma música de Menescal, em face de sua parceria com Ronaldo Bôscoli. Ruy Castro, no livro “A onda que se ergueu no mar (Cia das letras, 2001), relata o episódio:

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“No repertório, um nome se destacava pela ausência: Ronaldo Bôscoli, o homem que ela amara e que escrevera muitas das principais letras da Bossa Nova. Fora Nara que que lhe inspirara ‘O Barquinho’, ‘Nós e o mar’ , ‘Ah, se eu pudesse” e muitas outras canções com Menescal – mas quem as gravara fora Maysa, a mulher com quem ele se envolveu enquanto namorava Nara. Por causa de Maysa, Nara brigou com Bôscoli e, com isso, rachou politicamente com a Bossa Nova. Anos depois, reconciliou-se com a Bossa Nova – mas não com Bôscoli, que, já então, estava casado com sua arquirrival Elis Regina”.

Não obstante a ausência de Bôscoli, o disco é realmente muito bom, a voz de Nara parece combinar com Bossa Nova.

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No entanto, quero chamar atenção para um disco especial de Nara: Dez Anos Depois, gravado em paris no ano de 1971, é um reencontro com a bossa nova.Como dá para ver,  o que se fez de melhor em bossa nova…sobretudo Tom Jobim, autor ou coautor de 19 das 24 músicas do disco. As músicas são:

“Insensatez”
“Samba de Uma Nota Só
“Retrato Em Branco e Preto”
“Corcovado”
“Garota de Ipanema
“Pois É”
“Chega de Saudade”
“Bonita”
“Você E Eu”
“Fotografia”
“O Grande Amor”
“Estrada Do Sol”
“Por Toda Minha”
“Desafinado”
“Minha Namorada”
“Rapaz de Bem”
“Vou Por Al”
“O Amor Em Paz”
“Sabia”
“Meditacão”
“Primavera”
“Este Seu Olhar”
“Outra Vez”
“Demais”

Quem gosta de Bossa Nova vai gostar. Gravado na França, em 1970, é um álbum duplo e representa a versão definitiva da Bossa gravada por Nara. E que seriam gravadas por ela muitos anos antes, não houvesse a briga com Bôscoli. E o mais impressionante é que o álbum ficou fora de catálogo no Brasil, enquanto no Japão, continua em catálogo até hoje.  Por este motivo, “Dez Anos Depois” é um disco indispensável para descobrir ou redescobrir Nara.

 

http://portalnoar.com.br/blogdodjacirdantas/2015/07/05/o-barquinho-da-bossa-nova-enfrenta-a-tempestade-final/

segunda 21 março 2011 17:05 , em Bossa Nova

 

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