Raul Seixas Preso

 

 

O video acima trata de uma história curiosa envolvendo Raul Seixas. Em maio de 1982, ele estava fazendo um show na cidade de Caieiras, e o público começou a duvidar que Raul Seixas era ele mesmo. Veja o texto do site http://www.caieiraspress.com.br:

Cerca de trezentas pessoas que assistiam a seu show não acreditaram que fosse ele mesmo, mas sim um impostor, que se estava apresentando na Feira do Folclore local. Vaiado a cada música que interpretava, Raul Seixas, desde o início, não foi reconhecido pelo público da cidade, até que, sem condições de continuar o espetáculo, e ameaçado de linchamento, foi para o camarim. Pouco depois, chegaram alguns policiais e o levaram para a delegacia, sob a acusação de ser impostor (obviamente, ele estava sem documentos). Isso porque, sentindo-se logrados com a apresentação do que juravam ser outra pessoa, vários espectadores foram até a casa do delegado, exigindo que este autuasse o cantor. O delegado atendeu e, na delegacia, tratou-o como se fosse um vagabundo, afirmando que conhecia o “verdadeiro” Raul Seixas, para em seguida obrigá-lo a cantar “para provar sua identidade”. Além disso nesse mesmo “teste de identidade”, o delegado perguntou se Seixas sabia onde tinha nascido Chacrinha. Como não soube responder, recebeu tremendas bofetadas, acabando trancafiado por duas horas no xadrez da dita delegacia.

 

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Percebe-se que o Delegado, com uma truculência típica dos anos 70, duvidou que se tratava do verdadeiro Raul, que estava sem seu documento de identidade. Raul ficou muito nervoso mas que revela algo do caráter frágil e marginal do artista, não de Raul Seixas, mas de qualquer artista que é um refém do público. Consciente ou inconscientemente o artista é mambembe, viajante, carente. Historicamente o artista se revela em que a transgressão . A imagem simbólica do artista como um rebelde, que revela as tensões e resiste à violência de um sistema, cuja população admira esteticamente o belo das canções, ou dos poemas, ou das telas, mas, ao mesmo tempo em que admira a coragem do artista, o afasta, o marginaliza, o deixa à própria sorte.

Essa a ideia de um artista que acaba sendo um impostor de si mesmo. Frágil artista. Grande Raul.

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No Jornal de Caieiras de 21 de maio de 1982, o editorial assim narrou:

O caso Raul Seixas: o que de fato aconteceu?

Dos fatos sobre o show do cantor Raul Seixas no último sábado em Caieiras, muitas são as versões, muitas são as controvérsias. Ao que parece, a única certeza que se pode ter é de que realmente foi Raul, e não um sósia seu, quem esteve em Caieiras, ao contrário do que o público presente ao show, a polícia e a própria Comissão responsável pelo show pensavam.

As dúvidas começam na própria realização do show, pois enquanto todo o público presente afirma que o cantor teria cantado apenas três músicas, o empresário do cantor, o Dinho, em entrevista concedida ao jornal “A SEMANA”, foi categórico em dizer: “o cantor completou o show”. E tem a seu favor um forte argumento: “a Comissão pagou o que foi contrado por todo o show”. O raciocínio do empresário é simples: “Se o Raul não tivesse concluído o show, ele não teria recebido”.

Mas as dúvidas não param por aí. Na versão do empresário, completado o show, o cantor teria sido agredido pela platéia, e, não fosse a pronta intervenção da polícia, o cantor poderia ter sido até linchado. Por outro lado, quem assistiu ao show afirma que as agressões começaram pelo próprio cantor que teria chingado constantemente a platéia.

 

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Você sabe onde nasceu o chacrinha?
As maiores controvérsias, no entanto, aparecem exatamente quando o cantor chegou à delegacia. Segundo o “Dinho”, Raul Seixas teve sua barba puxada pelo delegado, que duvidava de sua identidade, dizendo conhecer o “verdadeiro Raul”. Teria o cantor ainda sido agredido pelo delegado, e sido trancafiado em uma cela, não sem antes ter sido também agredido por um cabo ali presente, a socos e golpes de cassetete.

Segundo o empresário, o delegado teria feito o cantor cantarolar algumas de suas músicas, e ainda teria ele feito um “teste” para avaliar a identidade do cantor: “Você sabe onde nasceu o chacrinha?” – teria perguntado o delegado. E, como Raul soubesse, teria sido agredido pelo policial.

O delegado de polícia, Dr. José Gomes Santos, no entanto, nega essa versão, dizendo que o cantor foi muito bem tratado na delegacia, jamais agredido.

Raul Seixas estaria bêbado. É o que diz o boletim de ocorrência
Segundo o empresário “Dinho”, quando foram esclarecidas as dúvidas sobre a identidade do cantor – ele faz questão de esclarecer que foi ele quem telefonou para a esposa de Raul, pedindo-lhe que enviasse os documentos do cantor por um rádio-táxi, pois o delegado não teria permitido ao cantor que telefonasse para a família – aí sim o cantor foi bem tratado. “Só que – diz o empresário – o delegado não quis lavrar o B.O. naquele momento. Fê-lo apenas no dia seguinte, e fez contestar que Raul estava bêbado, o que não era verdade”.

 

 

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