O forró clássico, tradicional, à moda de Luiz Gonzaga, tem algo de nostálgico, inocente… os ritmos juninos fazem a malícia ficar mais singela no friozinho aquecido pelas fogueiras de São João. Com as festas juninas, parece que a canção de amor em ritmo de xote é mais singela, a saudade do baião é mais intensa, a alegria do xaxado é mais pura.
Não é por acaso que no mês de junho termina sendo inevitável falar de Forró, e com o forró falar um pouco daquela música de Targino Gondim que virou um clássico instantâneo na voz de Gilberto Gil: Esperando na janela.

Targino Gondim é pernambucano, nascido em Salgueiro, e criado músico em Juazeiro-BA, começando a tocar sanfona desde os 12 anos, e sua inspiração, óbvia, era Luiz Gonzaga.
E foi inspirado em Gonzagão que surgiu seu maior sucesso, a música “esperando na Janela”, cuja história ele contou numa entrevista:
Esperando na Janela foi feita em agosto de 1998, enquanto eu tomava banho. Estava cantarolando uma música de Luiz Gonzaga e me veio a inspiração. Completei a composição com versos de meus parceiros, Manuca e Raimundo do Arcodeon. Essa música está gravada no disco de 1999 e coincidiu com as filmagens de Eu, Tu, Eles, que acontecia em Juazeiro. Fui fazer um teste para participar do filme e o diretor me cortou, dizendo que eu não tinha cara de sanfoneiro, mas um dia estava fazendo um forró e os artistas foram lá e a Regina Case me reconheceu. Eles começaram a pedir músicas de Luiz Gonzaga e eu aproveitei para tocar também Esperando na Janela, que acabou virando a trilha sonora e carro-chefe do filme.
A música tem todas as receitas de um forró típico de São João: uma certa nostalgia, uma idealização da pessoa amada, a saudade do jeito, no cheiro, da mulher que não vem, mas cuja saudade faz com que ele vá atrás dela e vá declarar seu sentimento.
A canção venceu o Grammy Latino em 2001 (Targino Gondim \ Raimundinho do Acordeon \ Manuca Almeida), que também ganhou a voz de Gilberto Gil e deu ao artista espaço no filme “Eu, Tu, Eles”
Gil explicou como a canção passou a fazer parte do filme, no seu sítio digital:
“É uma música de um menino lá, Targino Gondim, sanfoneiro da região onde o filme foi feito, no sertão. A direção do filme precisava de uma banda para tocar forró ao vivo, na locação. O sanfoneiro apareceu, cantou essa música e encantou todo mundo. Porque essa música é uma pérola”.
Uma canção singela, que, na hora certa, e impulsionada pela gravação de Gilberto Gil, virou história…. Targino costuma dizer que ela é a sua “Asa Branca”
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A letra:
Ainda me lembro do seu caminhar
Seu jeito de olhar eu me lembro bem
Fico querendo sentir o seu cheiro
É da daquele jeito que ela tem
O tempo todo eu fico feito tonto
Sempre procurando mais ela não vem
E esse aperto no fundo do peito
Desses que o sujeito não pode aguentar
E esse aperto aumenta o meu desejo
E eu nao vejo a hora de poder lhe falar
Por isso eu vou na casa dela
Falar do meu amor pra ela vai
Tá me esperando na janela
Não sei se vou me segurar
quarta 20 junho 2012 17:52 , em Forró