Incidente em Miami em 1969 – The Doors

Há muitos rumores sobre a morte de Jim Morrison, da icônica banda The Doors, ocorrida em Paris, em 3 de julho de 1971. Mas há quem atribua o começo da morte de Jim Morrison a um episódio ocorrido dois anos antes, em 1º de março de 1969, que ficou conhecido como o “incidente em Miami”

Naquela noite, a banda iria se apresentar no Miami Dinner Key Auditorium, cuja capacidade estimada (e legalmente permitida) era de 7.000. Estima-se que entre 12 e 15000 pessoas estavam lá . Não havia ar condicionado e o publico estava louco. Estava bastante calor lá dentro e as cadeiras tinham sido removidas para o promotor aumentar a quantidade de espetadores.

 

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Ray Manzarek, tecladista da banda, disse numa entrevista em 1998 na Fresh air:

Estávamos em Miami. Muito quente, todo mundo suado. O local era um pântano, um buraco – um tipo horrível de lugar, um hangar de hidroavião – e 14 mil pessoas estão lotadas lá, e estão suadas“,

O show começou com atraso, haja vista que Morrison perdera algumas conexões aéreas naquele dia. Ele estava atrasado para o show por mais de uma hora, e para variar ele estava completamente bêbado, tendo bebido o dia inteiro.

A multidão começa a ouvir tão esperado começo de “Back door man”, mas Jim parece cantar absorto, ele não parece muito interessado no caos de fãs em delírio. Jim mal consegue lembrar as suas letras, interrompe as músicas pelo meio.

Morrison começa a se dirigir à multidão com frases como “ame-me, não posso fazer isso sem o seu amor, me dê um pouco de amor”. Começa com “Five to one”, mas durante o solo de Krieger, Jim solta um “Vocês são um bando de idiotas”. (min 3:30 do vídeo) e então continua nessa direção, dizendo que o público é um escravo , que em resposta começa a ficar chateado.

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Ele continua dizendo que ele não incita uma revolução, um evento, mas pede apenas que se amem, se divirtam juntos, enquanto a banda tenta detê-lo atacando “Touch me”, que depois de apenas dois versos vem novamente interrompido por Jim, que não consegue acompanhar a música e fica com raiva.

A banda tenta novamente tocar, mas nada. Em seguida, Jim continua com ““Love me two times” e “When the music’s over”, mas no intervalo central da peça Jim reinicia com diálogos com o público, incitações contínuas ao amor da multidão e contando a história de sua vida desde o nascimento até depois.

Com o vocalista agora fora de controle, a banda ataca “Light my fire”, dentro do qual ele continua com um  sermão. Durante tudo isso, também havia espaço para um fã lavar Morrison com champanhe, fazendo com que ele tirasse a camisa.

O manager dos Doors lembra: O show foi bizarro, coisa de circo, havia um tipo a carregar uma ovelha nos braços e as pessoas pareciam selvagens.“.

Vince Treanor disse: “Alguém saltou para o palco e despejou champanhe no Jim então ele tirou a camisa, estava todo molhado. ‘Vamos ver um pouco de pele, vamos ficar nus.’ disse ele, e a audiência começou a despir-se. Uma coisa levou à outra.

 

A partir daqui, versões são conflitantes: há quem diga que:

a) Jim incita à nudez,

b) usa a camisa para se cobrir na virilha;

c) faz movimentos estranhos com a mão por trás;

d) pergunta à plateia se queriam ver o seu pênis

e) fez uma simulação de “sexo oral”  sobre os joelhos na frente de Krieger durante um solo.

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No dia seguinte, talvez prevendo as complicações que viriam a seguir, a banda entrou em férias e saiu dos Estados Unidos.

Em 5 de março já havia um mandado de prisão para Morrison por exibição indecente e obscenidade. Com isso, um a um, os shows de uma enorme turnê pelos Estados Unidos foram cancelados até que esta, por completo, teve o mesmo destino.

 

Em novembro de 1969, Jim compareceu à polícia e se declarou  inocente, seguindo-se uma longa querela judicial, cheia de depoimentos controversos de ambas as partes. Apenas em setembro de 1970, Jim foi considerado culpado, sendo condenado por atentado ao pudor e a trabalhos forçados por seis meses, além do pagamento de multa. Os advogados de Jim recorreram da sentença e ele foi libertado após pagar uma fiança de US$ 50.000.

 

Segundo Sérgio Pereira Couto, após o incidente em Miami,

“A única aparição do grupo foi num especial da rede de TV PBS, em que apresentam algumas canções do álbum seguinte, The Soft Parade. Com isso, a aparência de Morrison mudou completamente: do visual definido pelos jornalistas como o de “um jovem Adônis” ele apareceu em cena com uma barba densa, gordo, usando óculos de aviador e um pesado
casaco marrom.

Quando o quinto álbum, Morrison Hotel, ficou pronto, tanto a banda quanto o próprio Morrison já se achavam exauridos pelo enorme prejuízo financeiro da turnê cancelada e pelo fantasma de Miami que rondava seus negócios sem parar. Um cansativo julgamento aconteceu e o cantor foi acusado de profanidade e exposição indecente. O veredicto foi contestado e o processo ainda corria quando Morrison morreu.

Apenas em 2010 a Justiça da Flórida admitiu que não havia provas suficientes para condenar Jim Morrison, cantor do Doors, pelos crimes pelos quais fora acusado.

O incidente e suas consequências mandaram Morrison e o grupo para uma pirueta que terminou com a morte de Morriso.

O que Jim queria? Segundo Manzarek,

 “E Jim viu o The Living Theatre [um grupo de teatro que experimentou quebrar a quarta coluna e confrontar o público] e ele vai fazer a sua versão do The Living Theatre. Ele vai mostrar a essas pessoas da Flórida o que é o xamanismo psicodélico da West Coast.” 

Imagem relacionada

 

https://whiplash.net/materias/news_856/120358-doors.html

https://www.npr.org/2010/12/10/131960761/what-really-happened-at-the-doors-1969-concert

https://www.miaminewtimes.com/news/i-was-there-the-doors-miami-concert-was-a-mythic-ripoff-6556283

4 momentos controversos de Jim Morrison

Couto, Sérgio Pereira. Segredos e Lendas do Rock. São Paulo, Universo dos Livros, 2008

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