Axé: Canto do povo de um lugar

Você já assistiu “Axé: canto do povo de um lugar?” Não, então vá… parafraseando Caymmi na sua conhecida canção “Você já foi à Bahia?”, o filme de Chico Kertesz faz uma recapitulação histórica de um movimento musical que surgiu nas ruas, no carnaval, como algo espontâneo, e que tomou conta do Brasil.

Tudo aquilo que foi de mais importante foi, de uma forma ou de outra, contada no documentário: a importância do trio elétrico, a influência da música negra, os blocos de trio, tudo isso ganhou seu destaque.

 

Os principais artistas também passaram por lá. Na década de 80 e 90, Luiz Caldas, Sarajane, Olodum,  Gerônimo, Banda Reflexu’s, Chiclete com Banana, Aas de Águia, Cheiro de Amor, banda Mel (nas suas várias composições), Netinho e Banda Beijo, Daniela Mercury, Carlinhos Brown, Timbalada, Araketu, Ivete Sangalo, É o Tchan, Psirico, Terra Samba, Claudia Leitte e Saulo Fernandes.

Vale também por personagens que estavam nos bastidores, como Wesley Rangel, Cristóvão Rodrigues…. outros personagens que eram também importantes, como Marcionílio, Missinho, Ademar….

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Não estiveram de fora as grandes histórias dos bastidores. Como Luiz Caldas foi parar no programa do Chacrinha, como a Banda Beijo acabou acionando os alarmes das casas num trio elétrico em Turim, como Daniela Mercury parou a Avenida paulista, como surgiu a express~]ao “Axé Music”. Várias vezes se vê artista baianos e multidões, no trio e em palcos, seguindo e levantando as mãos.

E não faltaram também os grandes sucessos. “Fricote”, “Faraó”, “Eu sou negão”, “O canto da Cidade”, “Beijo na Boca”, “É o Bicho”, “Grito de Guerra”, “A Roda”, “Alô paixão”, “Madagascar Olodum”, “Prefixo de Verão”, “Baianidade Nagô”, “É D’Oxum”, “Raiz de todo bem”.

Mas o eu vale o filme é a sensação de pertencimento. Alguém que não é baiano olhará o filme com outros olhos. A crítica especializada dos principais portais fala com uma certa condescendência do tom de exaltação. Mas ainda há muito a dizer.

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A música baiana foi a primeira que não teve vergonha de ser escancaradamente feliz. Surgida no momento da redemocratização do Brasil, a música da Bahia tinha ritmo e picardia. Pode-se falar de letras e refrões onomatopeicos, mas quando se compara com as letras atuais, percebe-se que a crítica não tem tanto fundamento assim.

Uma música que celebrava o negro baiano, que via na música o orgulho de ser negro.  Música que era feita para dançar, que não tinha “rock doido”, como dizia uma conhecida canção do Olodum.

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Uma música jovem, de sucesso, cheia de energia, que bebia de raízes da África a Pernambuco, da Salsa caribenha ao galope nordestino, e que não precisava da chancela do eixo Rio-São Paulo. Que Paul Simon e Michael Jackson foram buscar no Brasil.

Uma música surgida nas ruas, das ruas para as rádios, e não o contrário. Por isso o título é apropriado. Canto do povo de um lugar. Uma manifestação que faz parte da identidade de baianos, que faz rir e emocionar…

Pra quem gosta de música; pra quem gosta da Bahia; pra quem gosta de história; pra quem gosta de cultura; pra quem não resiste ao som dos tambores; pra quem quer rir ou se emocionar; pra quem quer, de alguma forma, se ver em algum momento dessa história….

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