“Pro dia nascer feliz” pode ser considerada a música que lançou o Barão Vermelho ao estrelato. Catapultada pela gravação de Ney Matogrosso, e definitivamente consagrada quando executada pelo Barão Vermelho no Rock in Rio, em 1985, a canção tem uma letra e uma história curiosas…
No livro “Cazuza: preciso dizer que te amo”, conta-se um pouco da história da canção.
Cazuza- “A noite é uma opção de vida. Gosto de acordar tarde e dormir com o sol nascendo. Por isso, ‘Pro Dia Nascer Feliz’ é a história da minha vida.”
Frejat – “É claramente a história de uma trepada que durou até o dia seguinte. Não tenho a menor ideia de com quem foi. E nem em que noite isso aconteceu… Mas nós dois sabíamos que essa música ia ser boa. Já pela letra no papel, sabíamos que ela iria funcionar.”
Cazuza – “Tem gente que se irrita porque eu canto que todo mundo vai pegar a sua pasta e ir pro trabalho de terno. E eu vou dormir depois de uma noite de trepadas incríveis. Mas o dia-a-dia não é poético. Todo mundo dando duro e a cada minuto alguém é assaltado ou atropelado. Então, vamos transformar esse tédio numa coisa maior. Li uma vez que você vive não quantas mil horas e pode resumir tudo em apenas cinco minutos. O resto é apenas dia-a-dia. Um olhar, uma lágrima que cai, um abraço… Isso é muito pouco na vida. Mas, para mim, é tudo. Eu prefiro não acreditar no Day after, no fim do mundo, no apocalipse. Um dia, ainda vou andar na nave espacial Columbus. Bêbado, lógico. Mas vou andar.”
E o espírito da música é justamente este. De uma diversão que começa junto com a noite, em que a sessão coruja começa procurando vaga no vai e vem dos quadris. Notadamente uma grande farra durante a noite que vara a madrugada.

Mas a história da música – e talvez, do próprio Barão Vermelho, se não fosse a mesma se não fosse Ney Matogrosso.
Frejat – “Foi importante que as pessoas começassem a procurar o disco da gente. O Barão era conhecido como grupo maldito. De repente, nosso segundo disco teria passado em branco se o Ney não comprasse essa barra.”
Ney conta um pouco desta história, na sua Biografia “Vira-lata de raça”
Conta que ele e Cazuza tiveram um breve romance em 1979, quando ele era o fotógrafo da Som Livre, e que durou apenas 3 meses. Quando o Barão Vermelho surgiu, Cazuza presenteou Ney com um disco. Ele adorou “pro dia nascer feliz e resolveu gravá-la.
Cazuza conta a história:
“O Ney chegou lá em casa, tocou a campainha. A empregada atendeu me acordou dizendo: ‘Ney Matogrosso está aí’. Eu resmunguei: ‘Traz a Gal Costa também’. E eu continuei dormindo. O Ney foi ao quarto e começou a bater na minha cara gritando para eu acordar e ganhar dinheiro. Ele ouviu o disco ‘Barão Vermelho 2’ e resolveu gravar ‘Pro Dia Nascer Feliz’. Eu disse: ‘Não. Pelo amor de Deus, é nossa música de trabalho. Grava outra’. Ele bateu pé. E acabou sendo nossa fada-madrinha. O Ney provou que o Barão é viável. E gravou o mesmo arranjo. Discutiu com a gravadora, que não queria botar a música de trabalho no disco dele, e soltou na rua”.
E a música ganhou o embalo necessário que catapultou o sucesso do Barão Vermelho…