Toquinho e Jorge Ben Jor se tornaram amigos, no final da década de 60. A razão que os aproximou foi o fato de que Toquinho tinha uma namorada – Carolina – cuja prima começou a namorar Jorge Ben Jor.

Toquinho relata: “Eu tinha uma namorada, a Carolina. E o Jorge Benjor começou a namorar a prima dela”, conta Toquinho. “Saíamos pela madrugada, íamos com frequência ao Patachou, um restaurante da rua Augusta, tocava-se violão, era muito agradável. Criou-se então uma amizade maior entre mim e o Jorge.
Na casa dessa minha namorada, a Carolina, nós ficávamos comendo pão de queijo e tocando violão. Um dia ele me mostrou um tema musical, e fizemos uma música, que foi Que maravilha.

Jorge Ben Jor fez a primeira parte: “Lá fora está chovendo/ Mas assim mesmo eu vou correndo/ Só pra ver o meu amor./ Ela vem toda de branco/ toda molhada e despenteada/ Que maravilha, que coisa linda que é o meu amor”.
eles desenvolveram o restante do tema, e Toquinho fez a segunda parte: “Por entre bancários, automóveis, ruas e avenidas/ Milhões de buzinas tocando sem cessar/ Ela vem chegando de branco, meiga e muito tímida/ Com a chuva molhando seu corpo que eu vou abraçar./ E a gente no meio da rua, do mundo, no meio da chuva/ A girar, que maravilha, a girar, que maravilha”.
Jorge Benjor, numa entrevista em 1972, também falou sobre a canção:
Que maravilha, uma homenagem a uma moça, que eu não conheci, mas eu vi aquela moça tão linda, de branco, embaixo de uma chuva, linda e despenteada, ela parecia tão pura… e daí nasceu a música, e eu encontrei meu amigo mais conhecido como Camaleão, meu amigo Toquinho, e aí nós concluímos a música”
A música, como de costume na época, foi inscrita para um dos festivais da canção da TV Tupi, Feira da Música Popular Brasileira. O desejo era que Gal cantasse a canção, mas ela não tinha disponibilidade de tempo… Assim, ambos apresentaram a música, que ficou em primeiro lugar naquele festival (empatada com “Nada de Novo, de Paulinho da Viola) e foi gravada pelos dois a num compacto compacto que trazia no lado B outra parceria dos dois, Carolina, Carol bela (em homenagem à namorada de Toquinho).
A música tornou-se um sucesso, o primeiro sucesso de Toquinho, que relata: .
“Gravamos “Que maravilha” e foi realmente a primeira música minha que fez um grande sucesso. Entrou nas paradas, foi muito tocada no rádio, as pessoas cantavam na rua. Do outro lado do disco tinha Carolina, Carol bela, uma canção também feita por nós. O Jorge Benjor é uma pessoa muito especial, meu amigo até hoje. Tem uma marcante força intuitiva, rítmica e poética”[1]
A música é imagética, narra um encontro na chuva, em que o eu-lírico vai correndo ver a pessoa amada, de branco, molhada e despenteada, que dá a sensação daquele amor descontraído, leve, em que dá vontade de se ver na chuva….
Nos versos seguintes, de Toquinho, completa o cenário urbano, entre bancários, móveis e avenidas, e o casal, alheio a tudo, prestes a se abraçar, e a girar na chuva. Este instante, o instante em que antecede o abraço seguido de um rodopio na chuva, confere uma leveza que justifica o sucesso da canção…
«Toquinho » Primeiras composições e parcerias». http://www.circuitomusical.com. Consultado em 25 de agosto de 2014
TOQUINHO
Coleção Histórias de canções. De João Carlos Pecci e Wagner Homem. Ed. Leya,