“Como fosse um par, que nessa valsa triste…” A história de Bandolins, de Oswaldo Montenegro

Foi em 1979 que Oswaldo Montenegro gravou “Bandolins”, música sobre uma moça que dança sozinha, como um par…

A música foi inspirada, ao que consta, na cunhada de Zé Alexandre, amigo do cantor, que era uma bailarina que tinha um namorado também bailarino. O casal, contudo, teve que se separar, pois o namorado foi morar na França, e a bailarina, por ser menor, não pôde acompanhá-lo, pois a família da moça não permitiu. Oswaldo diz que, na música, tentou retratar “esta moça dançando sozinha”

A história é retratada por Zuza Homem de Mello e Jairo Severiano, no segundo volume do livro “A canção no tempo” 

Bandolins” foi um presente de aniversário que Oswaldo Montenegro ofereceu a uma amiga bailarina. A intenção era reanimá-la, pois na ocasião a moça estava inconformada por seu namorado ter viajado para a França, enquanto ela, menor de idade, fora impedida de acompanhá-lo.

Daí o imaginário ‘pas de deux’ narrado na letra, que ela dança sozinha: “Como se fosse um par / que nessa valsa triste se desenvolvesse / ao som dos bandolins / e como não e por que não dizer / (…) / ela valsando só na madrugada / se julgando amada / ao som dos bandolins…”

Oswaldo estava mesmo a ponto de desistir da carreira, quando surgiu a oportunidade de inscrever “Bandolins” no Festival 79 de Música Popular da TV Tupi. Na realidade, ele não se sentia muito esperançoso de um bom resultado. 

Foi nesse estado emocional que Oswaldo pisou o palco do Anhembi, em São Paulo, para mostrar sua valsa, ao lado do amigo José Alexandre. Mas, para sua surpresa, a reação da platéia ao ouvir “Bandolins” foi altamente positiva, tendo a canção conquistado o terceiro lugar e projetado Oswaldo bem mais até do que os dois concorrentes que chegaram à sua frente. Então, além de um compacto inteiro, a Warner deu- lhe o segundo elepê e sua carreira deslanchou.

 (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).

Oswaldo Montenegro, no vídeo acima, conta:

“Bailarina: ela namorava um bailarino que foi dançar na França e ela não pôde ir, ela perdeu o partner e o namorado ao mesmo tempo, e eu fiz para ela como presente de aniversário. Por isso que a música fala de uma mulher que está se julgando amada e dançando um ‘pas de deux’ quando na verdade ela está sozinha, ela está louca achando que está acompanhada, é o retrato dela… foi um presente para ela….”

Como fosse um par que
Nessa valsa triste
Se desenvolvesse
Ao som dos bandolins

E como não,
E por que não dizer
Que o mundo respirava mais
Se ela apertava assim?
Seu colo como
Se não fosse um tempo
Em que já fosse impróprio
Se dançar assim

Ela teimou e enfrentou
O mundo
Se rodopiando ao som
Dos bandolins

Como fosse um lar
Seu corpo a valsa triste
Iluminava e a noite
Caminhava assim

E como um par
O vento e a madrugada
Iluminavam a fada
Do meu botequim

Valsando como valsa
Uma criança
Que entra na roda
A noite tá no fim

Ela valsando
Só na madrugada
Se julgando amada
Ao som dos bandolins…

3 comentários sobre ““Como fosse um par, que nessa valsa triste…” A história de Bandolins, de Oswaldo Montenegro

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